São Paulo, sábado, 09 de dezembro de 2000

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Ministro da Justiça nega acordo


DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro da Justiça, José Gregori, disse ontem que o ex-juiz Nicolau dos Santos Neto se rendeu à Polícia Federal em uma estrada entre Dom Pedrito e Bagé, no sudoeste do Rio Grande do Sul. Segundo ele, "é possível que ele estivesse estado em um país limítrofe". O país mais próximo da região é o Uruguai.
O advogado de Nicolau, Alberto Toron, afirmou ontem que o ex-juiz nunca deixou o Brasil.
O ministro negou que tivesse havido alguma negociação. "Não ficou nada condicionado", disse.
A prisão, no entanto, se deu nas condições exigidas pelo ex-juiz. Ele não foi algemado nem foi apresentado à imprensa para fotos. Gregori afirmou que a prisão se deu "dentro da lei, sem violência, mas com o cumprimento de todo o rigor aplicado ao caso".
O ministro disse que não teve nenhum contato com o juiz e que Nicolau está "com condições de saúde satisfatórias". Gregori afirmou que o ex-juiz não deverá ter nenhuma regalia na prisão, além do que a lei garante a magistrados e a detidos com curso superior.
Em nota distribuída à imprensa, Gregori afirmou que o advogado de Nicolau, Luiz Toron, entrou em contato, anteontem, com o delegado federal Roberto Precioso Júnior. O advogado teria pedido ao delegado para acompanhá-lo ao local onde estaria o ex-juiz.
A nota insiste em que "a apresentação do juiz Nicolau foi incondicionada e não resultou de nenhuma negociação ou acordo e, por certo, deu-se em razão do cerco que a equipe especial da PF desenvolveu e da força-tarefa que, reunindo várias agências públicas, bloqueou, no exterior, vários de seus bens". Há cerca de um mês, Gregori e FHC vinham negando que o governo estivesse negociando com representantes de Nicolau a rendição do ex-juiz.
O texto termina em tom moralista. Afirma que a opinião pública "deverá extrair do episódio a lição de que, no Brasil novo e democrático que estamos construindo, não há lugar para impunidade e que, cedo ou tarde, mas com a certeza das coisas inevitáveis, os que tiverem contas a ajustar com a Justiça -usem colarinho branco ou camiseta- serão alcançados pela firmeza da lei, sem violência, mas com o rigor de todas as suas consequências".
Logo após a entrevista, Gregori embarcou para Roma (Itália) para tratar da possível extradição de Salvatore Alberto Cacciola, dono do Banco Marka, foragido da Justiça brasileira há 142 dias.
O delegado Roberto Precioso, a quem Nicolau se entregou, é um policial experiente. Ele exerceu vários cargos de coordenação na PF. No ano passado, Precioso foi escolhido para ser o representante da Polícia Federal na Secretaria Nacional Antidrogas (Senad).




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