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CASO TRT
Rendição encerrou longa série de fracassos da Polícia Federal na tentativa de prender Nicolau no Brasil, Uruguai, Itália e Suíça
Ex-juiz estava foragido desde 25 de abril
DA REDAÇÃO
O ex-juiz Nicolau dos Santos
Neto estava foragido desde o dia
25 de abril deste ano, quando teve
a prisão preventiva decretada pelo juiz Casem Mazloum, da 1ª Vara Criminal Federal de São Paulo.
Nicolau presidiu o Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo
entre 15 de setembro de 1990 e 15
de setembro de 1992. De 1992 a
1998, ele presidiu a Comissão de
Obras do TRT, quando foram liberados os recursos para a obra
do Fórum Trabalhista de São Paulo. O ex-juiz é acusado de ter desviado, entre 1992 e 1998, R$ 169,5
milhões dos R$ 223,7 milhões
destinados à obra do fórum.
A obra, que estava a cargo da
construtora Incal, foi abandonada em 1998. A CPI do Judiciário
investigou o caso em 1999. A quebra dos sigilos bancários dos envolvidos mostra pagamentos vultosos das empresas de Fábio
Monteiro de Barros, da Incal, para
o Grupo OK, do ex-senador Luiz
Estevão (cassado pelo Senado no
último dia 28 de junho).
Na conta do ex-juiz nas Ilhas
Cayman foram identificados depósitos vultosos. Em 23 de novembro de 1994 aparece um depósito de US$ 2 milhões. No dia
22 de junho de 1994 aparece outro
depósito, de US$ 1,4 milhão. Mais
US$ 1 milhão é depositado em 23
de setembro de 1995. Em junho de
1996, US$ 1 milhão.
Após a fuga de Nicolau, o governo brasileiro conseguiu bloquear
os US$ 7 milhões que estavam depositados em uma conta de Nicolau na agência do banco Santander em Genebra. Os US$ 7 milhões, porém, só serão repatriados quando o ex-juiz for condenado pela Justiça brasileira. O Ministério da Justiça calcula que isso
levará pelo menos dois anos.
No dia 6 de setembro, a Justiça
dos Estados Unidos, em Miami,
concedeu uma liminar bloqueando transações com o apartamento
do ex-juiz naquela cidade.
O imóvel, avaliado em US$ 1,3
milhão, foi vendido pela Hillside
Trade Group, empresa do ex-juiz
localizada nas Bahamas, para a
Stedman Properties Inc. em dezembro de 1999.
A pressão sobre Nicolau também atingiu suas fontes de renda
no Brasil. No último dia 23 de outubro, o Tribunal Regional do
Trabalho suspendeu a aposentadoria paga ao ex-juiz.
A aposentadoria, no valor de R$
10.735,60, era depositada mensalmente na conta de Nicolau e retirada por uma de suas filhas, foi
cancelada por falhas em seu pedido de recadastramento como funcionário inativo do TRT paulista.
Buscas
A negociação que resultou na
rendição de Nicolau dos Santos
Neto encerrou um longo período
de fracassos da Polícia Federal na
tentativa de prender o ex-juiz.
Ele havia sido visto pela última
vez no dia 22 de agosto em uma
loja Renaissance, em frente da catedral de Milão (Itália), por uma
embaixatriz brasileira.
O primeiro país em que a polícia
procurou Nicolau foi o Uruguai.
Além de procurá-lo por Montevidéu, capital do país, os agentes da
polícia também foram ao balneário de Punta del Este.
Com os seus dois passaportes
retidos pela Justiça, o ex-juiz poderia entrar no Uruguai usando
apenas a carteira de identidade, já
que o país integra o Mercosul.
Depois de passar pelo Uruguai,
os agentes seguiram em direção
ao Rio Grande do Sul. A busca se
concentrou em cidades fronteiriças, por onde o ex-juiz poderia
tentar escapar em direção à Argentina ou ao Uruguai.
Depois, dois agentes da Polícia
Federal desembarcaram na Europa, onde procuraram Nicolau na
Itália, onde as buscas se concentraram em pequenas cidades nos
arredores de Milão, e na Suíça,
onde os agentes vasculharam Lugano e arredores. Por meio de um
cartão de crédito do Corner Banca
de Lugano, o ex-juiz chegou a
comprar duas passagens aéreas
em Miami, dois meses após ter sido decretada sua prisão.
Em Minas Gerais, a polícia procurou Nicolau na cidade de Capitólio, na pousada Escarpas do Lago. A polícia foi até o local, mas
não informou se encontrou indícios de que ele passou por lá.
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