|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Livro narra bastidores, mas não revela segredos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
"Casos & Coisas", de José
Eduardo Cavalcanti de Mendonça, mostra em detalhes o estilo do
marqueteiro que ganhou fama
trabalhando para políticos ideologicamente antagônicos, mas
usando nas campanhas a emoção
e a linguagem popular.
Duda Mendonça descreve como utilizar as pesquisas e as armadilhas de acreditar cegamente
nelas. Explica as sutis diferenças
entre o rádio e a TV. O rádio deve
ser o apoio da TV, a principal arma da política hoje no Brasil.
Entende-se a importância do
debate, a hora mais vulnerável do
candidato, e do adesivo, a primeira peça a ser feita, por sintetizar a
campanha.
Duda, porém, ficará devendo alguns casos de campanha mais
apimentados. "Um marqueteiro
que faz um livro e conta os segredos de uma campanha é um mau
caráter. Você é como um padre
com o fiel, não tem o direito de
contar depois", diz.
É uma obra temperada com relatos pessoais da infância e da juventude, como uma fuga amedrontada de policiais numa manifestação do movimento estudantil
durante o regime militar.
O livro aborda a paixão politicamente incorreta por brigas de galo e a carreira de corretor de imóveis, que lhe deu o capital inicial
para montar uma agência.
No livro, descobre-se como a
campanha de Fernando Collor de
Mello para o governo de Alagoas,
em 1986, lhe renderia um contato
fundamental para a campanha
que fez para Maluf, em 1990. Sem
sucesso, Maluf tentava marcar
um encontro com Collor. Com
um telefonema, Duda surpreendeu Maluf ao obter a audiência
com direito a foto e filmagem. No
encontro, Collor foi logo querendo saber dos galos de briga.
O publicitário quase fez em 1994
a campanha de Lula, político com
o qual vai trabalhar no ano que
vem. Para o jantar no qual diria
que estava a um passo de fechar
com o PT, Duda levou de presente
para Maluf uma garrafa de vinho
francês de US$ 5.000. Mas a marca
de publicitário malufista o derrubou no complicado jogo de tendências petistas.
No mesmo ano, Fernando Henrique Cardoso, que ganhou a Presidência, queria contratá-lo, mas
também não deu certo. FHC
achava que a DM-9 ainda pertencia a Duda Mendonça. Ele, porém, já a havia vendido ao banqueiro Daniel Dantas.
O livro, da Editora Globo e com
uma primeira tiragem de 10 mil
exemplares, é dedicado ao primeiro neto, Tiago, que nascerá
em fevereiro. A apresentação é de
Nizan Guanaes, publicitário que
começou trabalhando para Duda
e hoje é um amigo e grande rival.
Os direitos autorais vão para o
Grupo de Apoio à Criança com
Câncer (BA). As fotos e as peças
publicitárias citadas no livro estão
no site www.casosecoisas.com.br.
Ao preço de R$ 28, o livro deverá
estar na livraria a partir da próxima quinta-feira. Na quarta-feira,
Duda lançará o livro em Brasília.
Na semana seguinte, em São Paulo e Salvador.
(KA)
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Janio de Freitas: O verdadeiro risco Brasil Índice
|