|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CASO SANTO ANDRÉ
Descrição feita pelo empresário não bate com fisionomia dos sequestradores; "eu estava muito nervoso"
Gomes se contradiz sobre retrato falado
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O empresário Sérgio Gomes da
Silva, acusado pelo Ministério Público de São Paulo de ter encomendado o assassinato de Celso
Daniel (PT), afirmou que fez o retrato falado de um dos criminosos
que sequestraram o prefeito de
Santo André apesar de não ter visto a fisionomia de nenhum deles.
"No dia em que a fiz, eu estava
muito nervoso", afirmou.
O rosto do agressor foi desenhado por peritos do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) da Polícia Civil sob a
orientação de Gomes da Silva,
dois dias depois de Celso Daniel
ter sido encontrado morto a tiros,
em 20 de janeiro do ano passado,
em uma estrada de terra em Juquitiba (a 78 km de São Paulo).
Na época, o empresário afirmou
ter visto de "relance" que o sequestrador era moreno, tinha 1,70
de altura, olhos e cabelos castanhos e aparentava idade entre 20 e
25 anos.
Disse ainda que o homem estava
com uma camiseta marrom clara
quando "arrancou" Daniel da Pajero e levou o prefeito para um
dos carros da quadrilha.
Passados quase dois anos da
noite do crime, Gomes da Silva
afirmou, no último sábado, quando aceitou conversar com jornalistas para rebater as acusações da
Promotoria, não ter visto os sequestradores de Daniel.
"[No dia do sequestro] Eu estava muito nervoso. Meu carro estava sendo metralhado, não vi nada.
E o lugar era absolutamente escuro", disse o empresário. Chamado
pela polícia para fazer o reconhecimento dos homens presos, não
identificou ninguém.
Sobre o retrato falado feito a pedido da Polícia Civil, o empresário disse que estava "muito nervoso" e "abalado" com o que havia
acontecido a Daniel, a quem chama de irmão.
Desviar
Para os promotores criminais
que investigam o assassinato do
prefeito de Santo André, o retrato
falado produzido pelo empresário tinha como finalidade única
confundir a investigação.
De acordo com a Promotoria, o
rosto desenhado por Gomes da
Silva, após seis horas de depoimento no DHPP, não é semelhante a nenhum dos presos acusados
de participar do sequestro e da
morte de Daniel.
"Essa é mais uma das inúmeras
contradições de Sérgio Gomes da
Silva. Ele teve a oportunidade de
se defender antes de ser acusado
pelo Ministério Público, mas preferiu fazer uma manifestação pública depois da denúncia", afirmou o promotor criminal José
Reinaldo Carneiro.
Na denúncia oferecida na última sexta-feira, a Promotoria acusou Gomes da Silva de contratar
os homens da favela Pantanal para matar Daniel, que teria descoberto um esquema de propina na
Prefeitura de Santo André, do
qual o empresário faria parte.
Texto Anterior: Denunciados já alteraram seus depoimentos Próximo Texto: Outro lado: Gomes da Silva afirma que fez retrato "nervoso" Índice
|