UOL

São Paulo, terça-feira, 09 de dezembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Denunciados já alteraram seus depoimentos

DA REPORTAGEM LOCAL

Os acusados de matar o prefeito Celso Daniel confessaram o crime à polícia, depois negaram a autoria à Justiça e, por fim, voltaram a dizer ao Ministério Público que eram os verdadeiros e únicos culpados.
As mudanças nos depoimento, feitas em conjunto pelos suspeitos, seriam uma tentativa de impedir que a investigação prosseguisse e chegasse aos mandantes, acreditam os promotores que reabriram o caso. "Não existe procedimento igual na história dos processos criminais", afirmou o promotor José Reinaldo Carneiro.
Para a Polícia Civil e para a Polícia Federal, os supostos executores confessaram a autoria e deram detalhes do crime, cometido em janeiro de 2002. Seus depoimentos embasaram a denúncia, feita em 15 de abril de 2002. Eles disseram que Celso Daniel foi sequestrado por acaso e foi morto porque a quadrilha temia ser reconhecida.
Na Justiça, a primeira surpresa: em maio de 2002, os acusados mudaram suas versões e passaram a se dizer inocentes. Alguns falaram que confessaram o crime porque tinham sido torturados. A polícia nega.
Para a Polícia Federal, no dia 1º de março de 2002, e para a Polícia Civil, no dia seguinte, Itamar Messias dos Santos Silva admitiu seu envolvimento e apontou Ivan Rodrigues da Silva, o Monstro, como o mentor do crime. Ele deu os nomes de outros integrantes da quadrilha, que viviam na favela Pantanal. No dia 24 de maio, porém, ouvido pela Justiça, Monstro se disse inocente. Outros três acusados também mudaram de versão no mesmo dia. À Polícia Civil, Marcos Roberto Bispo dos Santos, o Marquinhos, admitira ter dirigido um dos carros usados na captura do prefeito; para a Justiça, Santos disse ter confessado sob tortura.
No dia 7 de março, José Edison da Silva disse que recebeu ordem, executada por um menor, para eliminar o prefeito. À Justiça, ele negou sua participação e disse ter sido espancado.
Ouvidos de novo por promotores de Justiça, os acusados voltaram à versão inicial: "Se mudaram a versão na Justiça, possivelmente para se eximir da pena, por que voltaram atrás em novos depoimentos ao Ministério Público?", disse Carneiro. Os acusados fizeram questão de dizer que eram os únicos culpados: "Para o Ministério Público, essa contradição mostra que existia um esquema para tentar barrar a investigação". (GILMAR PENTEADO)


Texto Anterior: Caso Santo André: Bando protegeu 7º suspeito, diz Promotoria
Próximo Texto: Gomes se contradiz sobre retrato falado
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.