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Denunciados já
alteraram seus
depoimentos
DA REPORTAGEM LOCAL
Os acusados de matar o prefeito Celso Daniel confessaram
o crime à polícia, depois negaram a autoria à Justiça e, por
fim, voltaram a dizer ao Ministério Público que eram os verdadeiros e únicos culpados.
As mudanças nos depoimento, feitas em conjunto pelos
suspeitos, seriam uma tentativa de impedir que a investigação prosseguisse e chegasse aos
mandantes, acreditam os promotores que reabriram o caso.
"Não existe procedimento
igual na história dos processos
criminais", afirmou o promotor José Reinaldo Carneiro.
Para a Polícia Civil e para a
Polícia Federal, os supostos
executores confessaram a autoria e deram detalhes do crime,
cometido em janeiro de 2002.
Seus depoimentos embasaram
a denúncia, feita em 15 de abril
de 2002. Eles disseram que Celso Daniel foi sequestrado por
acaso e foi morto porque a quadrilha temia ser reconhecida.
Na Justiça, a primeira surpresa: em maio de 2002, os acusados mudaram suas versões e
passaram a se dizer inocentes.
Alguns falaram que confessaram o crime porque tinham sido torturados. A polícia nega.
Para a Polícia Federal, no dia
1º de março de 2002, e para a
Polícia Civil, no dia seguinte,
Itamar Messias dos Santos Silva admitiu seu envolvimento e
apontou Ivan Rodrigues da Silva, o Monstro, como o mentor
do crime. Ele deu os nomes de
outros integrantes da quadrilha, que viviam na favela Pantanal. No dia 24 de maio, porém,
ouvido pela Justiça, Monstro se
disse inocente. Outros três acusados também mudaram de
versão no mesmo dia. À Polícia
Civil, Marcos Roberto Bispo
dos Santos, o Marquinhos, admitira ter dirigido um dos carros usados na captura do prefeito; para a Justiça, Santos disse ter confessado sob tortura.
No dia 7 de março, José Edison da Silva disse que recebeu
ordem, executada por um menor, para eliminar o prefeito. À
Justiça, ele negou sua participação e disse ter sido espancado.
Ouvidos de novo por promotores de Justiça, os acusados
voltaram à versão inicial: "Se
mudaram a versão na Justiça,
possivelmente para se eximir
da pena, por que voltaram
atrás em novos depoimentos
ao Ministério Público?", disse
Carneiro. Os acusados fizeram
questão de dizer que eram os
únicos culpados: "Para o Ministério Público, essa contradição mostra que existia um esquema para tentar barrar a investigação".
(GILMAR PENTEADO)
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