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Advogado quer processos em Brasília
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O advogado Paulo Esteves, que
defende Norma Emílio Cunha,
ex-mulher do juiz João Carlos da
Rocha Mattos, pretende que todo
o processo da Operação Anaconda seja enviado para o Superior
Tribunal de Justiça, em Brasília.
Como as investigações da Polícia Federal levantaram indícios de
envolvimento do subprocurador-geral da República Antônio Augusto Cesar na suposta quadrilha,
Esteves entrou com recurso chamado "exceção de competência".
Em requerimento à desembargadora relatora Therezinha Cazerta, ele alega que o Tribunal Regional Federal da 3ª Região não
tem competência para julgar um
subprocurador-geral, que teria
direito a ser investigado no STJ.
"Conforme amplo noticiário da
imprensa em geral (documentos
anexos), bem como diante dos
elementos constantes dos autos,
está sob investigação e suspeita de
participar da alegada "quadrilha" o
Exmo. Sr. Subprocurador Geral
da República dr. Antônio Augusto Cesar", afirma Esteves no recurso de 24 de novembro.
E prossegue o advogado: "Portanto, os feitos [processos] em referência passaram a investigar a
possível prática de crime comum
por parte de membro do Ministério Público Federal da União que
atua perante os tribunais, fato este
que retira desse Tribunal Regional Federal a competência para
julgar os feitos".
Segundo Esteves, "ainda que
aquele subprocurador-geral da
República ainda não tenha sido
denunciado pelo Ministério Público Federal, certo é que está sob
investigação criminal, contando
com foro certo para tanto, decorrente de prerrogativa de função".
Esteves requer, então, que a relatora determine a remessa "destes autos e dos demais a ele vinculados" para o STJ.
As procuradoras da República
que atuam no caso, Janice Ascari e
Ana Lúcia Amaral, ofereceram
suas alegações ao TRF. O Ministério Público Federal respondeu
que há indícios de participação do
subprocurador-geral, mas os fatos ainda precisariam ser mais
bem apreciados na investigação.
Para as procuradoras, apenas
Cesar seria investigado pelo STJ
em inquérito criminal a partir de
iniciativa da Procuradoria Geral
da República (PGR) em Brasília.
A remessa de todo o processo para o STJ retiraria dessas procuradoras o acompanhamento do caso. A Folha apurou que a PGR deve denunciar Cesar.
A Procuradoria Regional da República em São Paulo recebeu da
Polícia Federal documentos sobre
a suposta participação do subprocurador-geral, como os registros,
em "livro caixa", de pelo menos
US$ 15 mil em nome de "AAC",
iniciais atribuídas a Antônio Augusto Cesar. Essas informações
foram repassadas ao TRF, com o
pedido do MPF para enviá-las ao
procurador-geral, Cláudio Fonteles, e ao corregedor responsável
pelas apurações. A Folha não
conseguiu ouvir Cesar, tendo deixado recados em seus telefones.
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