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JANIO DE FREITAS
Quem é vivo
Pela primeira vez em 12
anos, senão mesmo em 14, o
PMDB adota uma atitude de
afirmação da sua identidade.
Pode ser que só dure até domingo, pode até acontecer que provoque uma cisão razoável, mas
ainda assim seccionou, contra a
descrença quase geral, a longa e
triste sujeição de um grande
partido à condição de serviçal
interesseiro de outros partidos e
de governos alheios.
Os 12 anos se contam desde
que, compelido pela opinião pública, o PMDB integrou o movimento pela cassação de Fernando Collor. Os 14, talvez mais corretos, começam com o fim do
governo Sarney, a partir do
qual o PMDB se pôs como a força decisiva para aprovação das
barbaridades propostas por
Collor, Zélia e cia., desde o seqüestro da poupança popular e
das contas bancárias.
A Comissão Executiva do partido já estava reunida, ontem, e
ainda prevalecia a descrença
em uma decisão contrária ao
governo, que nos últimos dias
intensificou a atração, com êxitos evidentes, de vozes importantes no PMDB. Até o escore
era antecipado: 10 a 6, a favor
do continuado apoio ao governo, em troca de ministérios e
cargos convenientes.
A decisão de que os ministros
peemedebistas se demitam em
48 horas, ou no domingo realiza-se uma convenção para decidir sobre o rompimento com o
governo, surpreendeu até o
PMDB. Não era para menos.
Mas, para o governo, além da
sua surpresa houve uma mensagem aflitiva, supondo-se que
alguém no circuito presidencial
e petista a perceba: a condução
da política do governo, se acaso
existiu antes, está absolutamente falida. Quando Lula, segundo
a própria Presidência quis difundir, há pouco assumiu pessoalmente as negociações com
peemedebistas, aí já estavam
demonstradas a desarticulação
e a ineficácia operacional dos
incumbidos da ação política. A
Executiva do PMDB, seja qual
for o desdobramento de sua decisão, pôs a chamada pá de cal
no esquema de Lula. E nem jogou as flores convencionais.
Ou o governo revê todo o seu
esquema, ou pode tomar indigestão de ibopes camaradas,
que nem assim conseguirá superar sua ameaçadora anemia
política.
Sucesso
A conclusão da Petrobras de
que o Estado do Rio é a localização mais conveniente para um
novo pólo petroquímico, com
investimento superior a R$ 8 bilhões, extravasa o seu aspecto
técnico. Tem, também, um sentido político: a governadora Rosinha Garotinho chegou a ser ridicularizada por sua batalha
persistente para que a Petrobras
considerasse sem preconceito, e
acima das pressões da Presidência da República, a hipótese do
Estado do Rio para o pólo ou
para a planejada refinaria.
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