São Paulo, quinta-feira, 09 de dezembro de 2004

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JANIO DE FREITAS

Quem é vivo

Pela primeira vez em 12 anos, senão mesmo em 14, o PMDB adota uma atitude de afirmação da sua identidade. Pode ser que só dure até domingo, pode até acontecer que provoque uma cisão razoável, mas ainda assim seccionou, contra a descrença quase geral, a longa e triste sujeição de um grande partido à condição de serviçal interesseiro de outros partidos e de governos alheios.
Os 12 anos se contam desde que, compelido pela opinião pública, o PMDB integrou o movimento pela cassação de Fernando Collor. Os 14, talvez mais corretos, começam com o fim do governo Sarney, a partir do qual o PMDB se pôs como a força decisiva para aprovação das barbaridades propostas por Collor, Zélia e cia., desde o seqüestro da poupança popular e das contas bancárias.
A Comissão Executiva do partido já estava reunida, ontem, e ainda prevalecia a descrença em uma decisão contrária ao governo, que nos últimos dias intensificou a atração, com êxitos evidentes, de vozes importantes no PMDB. Até o escore era antecipado: 10 a 6, a favor do continuado apoio ao governo, em troca de ministérios e cargos convenientes.
A decisão de que os ministros peemedebistas se demitam em 48 horas, ou no domingo realiza-se uma convenção para decidir sobre o rompimento com o governo, surpreendeu até o PMDB. Não era para menos. Mas, para o governo, além da sua surpresa houve uma mensagem aflitiva, supondo-se que alguém no circuito presidencial e petista a perceba: a condução da política do governo, se acaso existiu antes, está absolutamente falida. Quando Lula, segundo a própria Presidência quis difundir, há pouco assumiu pessoalmente as negociações com peemedebistas, aí já estavam demonstradas a desarticulação e a ineficácia operacional dos incumbidos da ação política. A Executiva do PMDB, seja qual for o desdobramento de sua decisão, pôs a chamada pá de cal no esquema de Lula. E nem jogou as flores convencionais.
Ou o governo revê todo o seu esquema, ou pode tomar indigestão de ibopes camaradas, que nem assim conseguirá superar sua ameaçadora anemia política.

Sucesso
A conclusão da Petrobras de que o Estado do Rio é a localização mais conveniente para um novo pólo petroquímico, com investimento superior a R$ 8 bilhões, extravasa o seu aspecto técnico. Tem, também, um sentido político: a governadora Rosinha Garotinho chegou a ser ridicularizada por sua batalha persistente para que a Petrobras considerasse sem preconceito, e acima das pressões da Presidência da República, a hipótese do Estado do Rio para o pólo ou para a planejada refinaria.


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