São Paulo, quinta-feira, 09 de dezembro de 2004

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TODA MÍDIA

Custos maiores

NELSON DE SÁ

Do líder peemedebista Renan Calheiros, cercado ontem nos canais de notícias e telejornais, sobre a reunião da executiva do partido:
- Isso é uma brincadeira.
Do presidente peemedebista, Michel Temer, a seguir:
- Renan fez uma brincadeira.
Seja de quem for, o resultado da "brincadeira" foi derrota para os governistas do PMDB e para o governo. Do comentarista Franklin Martins, na CBN:
- Os governistas é que pediram a reunião, dizendo que tinham votos para adiar a convenção. Não conseguiram. Foi empate, mas no caso o empate, para eles, é derrota.
E não só para eles:
- Está claro também que a articulação política do governo está patinando nesta história.
Cristiana Lôbo concordou, na Globo News, apontando "derrota para o Palácio do Planalto". Fernando Rodrigues também, no UOL, falando em "derrota política do governo".
E o âncora Boris Casoy, no Jornal da Record:
- O governo Lula sofreu um enorme revés.
 
Só o Jornal Nacional viu diferente, evitando falar em "derrota". Das manchetes:
- A divisão no PMDB se agrava entre os que apóiam e os que combatem o governo.
Na reportagem, relatou que "houve empate" e Temer, então, votou duas vezes.
 
Qual é o efeito, daqui para a frente? Foi a pergunta que se fez Martins, na CBN, para responder que a convenção deve aprovar a saída do governo:
- E aí, o que acontece? A maioria da bancada vai parar de votar com o governo? É muito pouco provável.
Tereza Cruvinel, da Globo News, ecoou:
- O que vai acontecer? As bancadas não vão obedecer, os ministros vão continuar ministros e o PMDB, rachado. Parte votando com o governo, parte votando com a oposição.
Já ontem à noite, segundo o JN, "os líderes na Câmara e no Senado divulgaram nota mostrando que não vão respeitar qualquer decisão que seja tomada pela convenção".
 
Casoy concordou na Record que, "como há anos, os governistas continuarão apoiando o governo e os outros continuarão na oposição". Porém:
- Se o rompimento se consumar, os custos para o governo, do toma-lá-dá-cá, serão muito maiores no Congresso.

ESVAZIADO

lanacion.com.ar/Reprodução
Em destaque na Argentina, Lula, Duhalde e o "otimismo"


Até a Globo saiu dizendo que "apesar de começar nas alturas, em Cusco, a Comunidade Sul-Americana ainda não decolou". O encontro "esvaziado" pelo presidente argentino, Néstor Kirchner, inicia "um caminho difícil".
Nas agências, o mesmo tom, com a Reuters destacando que Argentina e Brasil se esforçavam ontem em "negar uma crise no Mercosul". No jornal chileno "La Tercera", o peruano Alvaro Vargas Llosa dizia que "Kirchner irrita o Brasil e vive o pior momento na relação com Lula":
- Desapareceu a magia daqueles tempos em que Lula apoiou a candidatura de Kirchner e Kirchner, já eleito, privilegiou o vizinho em sua primeira visita ao exterior.
 
Curiosamente, era no lado argentino que se notava um esforço em dar apoio à Comunidade. O "La Nación", no site, destacou o "otimismo" do ex-presidente Eduardo Duhalde. E o "Clarín" deu artigo do chanceler argentino Rafael Bielsa, com louvores à Comunidade, ao "ponto de inflexão histórico", ao "sonho emancipador de gigantes como Bolívar, San Martín, O'Higgins, Sucre" -até dos incas e seu "primeiro projeto de união".
Da parte de Kirchner, nada.

Modelo?
O "New York Times" adiantou pesquisa da ONU que mostra, "pela primeira vez em nove anos", que a fome cresceu no mundo. Mas sobraram elogios à América Latina e ao Brasil, pelas "histórias de sucesso". Segundo o "NYT", "o Fome Zero foi destacado como um modelo".

Lei e ordem
O "Guardian" trouxe longa reportagem sobre a BR-163, projeto que vai ligar Cuiabá e Santarém, na Amazônia. Para o jornal, citando grilagem e desmatamento, o problema não é tanto o impacto ambiental da pavimentação e sim "se o governo conseguirá impor a lei e a ordem".

AMEAÇA VERMELHA

ft.com/Reprodução


Como adiantou o "NYT" no fim de semana, uma empresa chinesa comprou a produção de PCs da IBM -e, pela repercussão ontem, assustou. No "Financial Times", a ilustração (acima) trazia a bandeira da China abraçando o mundo. O "Los Angeles Times" apontou a "importância simbólica" para o país, que sai dos rádios para "produtos de alto valor". O "Washington Post" viu "sinal dramático da transformação". O "NYT" falou da "ambição". E o "Wall Street Journal" disse que a chinesa Lenovo é agora a terceira empresa do setor no mundo. E quer mais.


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