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JUDICIÁRIO
Documento do Banco Mundial defende que magistrados sejam avaliados
Bird pede salário mais alto a juízes
SILVANA DE FREITAS
da Sucursal de Brasília
Um documento do Banco Mundial sobre o Judiciário na América
Latina e no Caribe recomenda
que os juízes da região sejam mais
bem remunerados e que a Justiça
seja mais ágil e eficiente para garantir a solução de conflitos que
envolvam interesses econômicos.
Conforme o documento, os juízes norte-americanos que atuam
na primeira instância recebem
entre US$ 61,7 mil e US$ 113 mil
por ano, contra US$ 37,7 mil pagos aos da Argentina e US$ 12,3
mil recebidos pelos do Equador.
Juízes brasileiros ouvidos pela Folha afirmaram que o nível salarial
do país é equivalente em dólar ao
da Argentina.
"As condições do cargo não devem oferecer incentivos indevidos que reforcem interesses pessoais; os salários devem ser suficientes para atrair e manter elevada a qualidade dos profissionais."
O texto também sugere que os
juízes sejam avaliados por seu desempenho e fiscalizados por seus
atos. Uma das justificativas apresentadas para a adoção dessas recomendações, nos processos de
reforma do Judiciário, é que "o
crescimento da integração econômica entre países e regiões demanda um Judiciário com padrões internacionais".
O documento técnico nº 319
tem 83 páginas e foi editado pela
primeira vez em 96, mas seu teor
só foi conhecido por juízes e advogados brasileiros recentemente. O Banco Mundial diz que as recomendações são genéricas e que
não se responsabiliza pelas conclusões expressas pelos técnicos
que participaram da elaboração.
A relatora da proposta de emenda que altera o funcionamento do
Judiciário, deputada Zulaiê Cobra
(PSDB-SP), é contra o aumento
salarial. "Juiz já ganha muito. Para ser mais eficiente, tem de haver
mais punição", disse.
Cláudio Baldino Maciel, vice-presidente da AMB (Associação
dos Magistrados Brasileiros) e o
advogado e professor da USP Dalmo Dallari disseram que a iniciativa do Banco Mundial representa
uma interferência no funcionamento da Justiça da região.
Ambos afirmaram que o governo e o banco defendem mudanças na Justiça apenas com o objetivo de tornar o processo mais rápido e reduzir os gastos públicos.
Um assessor do presidente Fernando Henrique Cardoso nesta
área disse que desconhecia o documento e que o governo nunca
seguiu recomendações de organismos internacionais para propor mudanças no Judiciário.
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