São Paulo, quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

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Acusado de mandar matar rival, procurador é detido

Suposto plano foi descoberto quando mentor abortou ordem ao saber que era investigado

Alvo era colega na disputa por cargo de procurador de Justiça do AM; Procuradoria não sabe dizer por que crime detido poderia ser acusado


KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA

O procurador-geral de Justiça licenciado do Amazonas, Vicente Cruz Oliveira, 61, foi detido pela Polícia Civil na madrugada de ontem acusado de contratar um pistoleiro para matar, por R$ 20 mil, o também procurador Mauro Campbell Marques, concorrente em sua tentativa de reeleição ao cargo.
O crime não chegou a ocorrer. A suposta encomenda, deduzida pela Secretaria de Segurança Pública do Amazonas a partir de escutas telefônicas feitas com autorização judicial, foi abortada quando Cruz Oliveira soube que a trama era investigada. Ele nega a acusação.
Além de Oliveira, que está detido na sede do Ministério Público, foram presos os supostos agenciadores (um casal de Manaus) e um ex-presidiário.
Marques disse ver como razão para a tentativa de seu assassinato a eleição -ele diz que sempre teve relação cordial com Cruz Oliveira. "No meu segundo mandato de procurador-geral [2001-03], ele [Oliveira] era até meu subprocurador."
Ambos servidores há 18 anos, eles eram os únicos procuradores na eleição pelo cargo, que paga R$ 22 mil. Os outros candidatos eram promotores.
A legislação garante a Oliveira o direito a prisão domiciliar. Ele deve ser transferido para sua casa. Nem a Secretaria de Segurança Pública nem a Procuradoria soube dizer por qual crime ele seria acusado. A Procuradoria decidiu criar uma comissão para averiguar o caso. O resultado será enviado ao Tribunal de Justiça do Amazonas.
O governador Eduardo Braga (PMDB), responsável pela escolha do procurador-geral, disse que não iria se pronunciar sobre o caso, em respeito à autonomia do Ministério Público.
As suspeitas sobre a suposta trama foram levantadas por Marques na sexta-feira. Um advogado que conhecia o ex-presidiário procurou o secretário-geral do Ministério Público, que colocou o advogado em contato com Marques. Depois de ouvir a história, ele a relatou ao governador, ao secretário de Segurança e ao procurador-geral em exercício. Além de escolta policial para o procurador, foi solicitada à Justiça a autorização para grampear os telefones dos agenciadores.
A suposta participação de Oliveira só foi apontada anteontem, quando, após saber das investigações, telefonou a um dos agenciadores para abortar a ordem e pedir que o agenciador fosse à sua casa, junto com o ex-presidiário. A polícia os seguiu até lá e logo foi pedida a prisão de Cruz.


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