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Gasto com viagem dispara no Meio Ambiente
Pasta é a que teve maior elevação nas despesas com diárias e passagens; gastos de toda a União atingiram R$ 1,44 bi em 2008
Dos três Poderes, Legislativo teve maior gasto per capita (R$ 4.654 por funcionário); média do Executivo foi de R$ 1.231, e do Judiciário, R$ 970
LUCAS FERRAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O estilo adotado por Carlos
Minc desde que assumiu o Ministério do Meio Ambiente, em
27 de maio de 2008 -com prisões de desmatadores e apreensões de bois "piratas" realizadas pessoalmente pelo ministro- é uma das razões que levaram a pasta a se tornar o órgão
do governo federal com o maior
crescimento dos gastos com
viagens no ano passado.
Em 2008 o ministério pagou
em diárias, passagens e despesas com locomoção R$ 37,1 milhões, ou 71% a mais que o valor
gasto em 2007, quando a cifra
fechou em R$ 21,7 milhões.
O próprio Minc reconhece
que o aumento foi impulsionado por suas ações de combate
ao desmatamento, mas acrescenta que, durante sua gestão,
houve um maior número de licenciamentos ambientais.
Somente o Ibama (Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis), órgão ligado à pasta, gastou R$ 24,5 milhões com viagens em 2008, o equivalente a
66% dos gastos totais do ministério (R$ 37,1 milhões).
Tendência
O aumento de gastos do Meio
Ambiente refletem porém uma
tendência de todo o governo: as
despesas da União com essa rubrica cresceram 18% no ano
passado em relação a 2007, índice superior à inflação de 6,2%
registrada pelo IGP-DI (Índice
Geral de Preços - Disponibilidade Interna) no período. De
um ano para o outro, as despesas passaram de R$ 1,22 bilhão
para R$ 1,44 bilhão.
Considerando o mesmo índice de correção, medida inflacionária calculada pela Fundação Getulio Vargas, a cifra é a
maior desde o último ano do
governo FHC (1995-2002).
O levantamento realizado no
Siafi -o sistema de acompanhamento de gastos da União-
foi feito pela ONG Contas
Abertas a pedido da Folha.
Em um ano marcado pelo
aumento da máquina pública,
reajustes a servidores e, nos últimos meses, pela crise econômica, o aumento foi puxado,
entre outros, pelos gastos do
Judiciário com as eleições municipais: em 2008 a Justiça gastou 45% a mais que no ano anterior, pulando de R$ 61,8 milhões para R$ 89,9 milhões.
Em valores brutos, o Poder
Executivo, que emprega 89%
dos servidores ativos da União,
é responsável pela maior parte
da conta. Nos 12 meses de
2008, ele gastou com diárias,
passagens e despesas com locomoção R$ 1,2 bilhão -quase R$
200 milhões a mais que no período anterior.
O órgão que lidera os gastos
da União é o Ministério da Defesa, responsável por pagar R$
207,8 milhões com viagens.
Já na comparação per capita
entre os três Poderes, o maior
valor dispensado em viagens é
de responsabilidade do Legislativo, que tem o menor número de servidores (24.608): R$
4.654 por funcionário público,
contra R$ 1.231 do Executivo
(um milhão de servidores) e R$
970 do Judiciário (92.768).
Num ano em que os congressistas viajaram muito para as
suas bases eleitorais, em razão
das eleições municipais, a Câmara e o Senado também registraram aumento nas despesas:
8% e 18%, respectivamente.
O valor das diárias varia entre os Poderes: no Executivo
elas são menores, entre R$ 57 e
R$ 187; no Judiciário elas vão
de R$ 132 a R$ 614; e no Legislativo, de R$ 126 a R$ 330.
Em todos os casos, os valores
são definidos de acordo com o
cargo do servidor e o destino da
viagem. Os gastos precisam de
comprovação. Segundo dados
do Ministério do Planejamento
de novembro, a União tem
atualmente 1,12 milhão de funcionários na ativa.
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