São Paulo, terça-feira, 10 de fevereiro de 2004

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Dulci diz que governo precisa criar empregos e modificar a área social

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em seminário para deputados federais do PT, o secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci, criticou a política de reforma agrária em 2003 e disse que o governo precisa promover mudanças na área social e criar empregos.
"Vamos ser julgados pelas mudanças que promovermos. No ano passado não fizemos mudanças, ficamos no esforço para a estabilidade. Temos que fazer mudanças especialmente na área social e na geração de empregos", disse ele, segundo participantes da reunião, realizada a portas fechadas em um hotel de Brasília.
Dulci considerou ruim o número de 30 mil famílias assentadas no ano passado, fornecido pelo ministro Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário). Na realidade, foram 37 mil famílias, segundo o Incra. "Fizemos pouco", teria dito ele, ressaltando que neste ano a meta de assentamentos será cumprida (115 mil famílias até dezembro, sendo 47 mil até junho).
Em maio do ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu assentar 60 mil famílias até dezembro. Um mês antes, com base no Orçamento, o Incra havia divulgado uma meta de 37 mil famílias. Na prática, em 2003, o governo federal conseguiu apenas cumprir a meta do Incra.
O governo não só não atingiu o número de assentamentos prometido pelo presidente como viu a quantidade de famílias acampadas saltar de 60 mil para 200 mil em pouco menos de um ano. Além disso, o Ministério do Desenvolvimento Agrário teve de administrar outros dois fatos negativos: 2003 fechou com recordes de mortes por conflitos fundiários (42), o maior desde 98, e de invasões de terra (222), mais do que o dobro em relação a 2002.
O clima de tensão no campo decresceu quando, no final do ano, o governo anunciou as metas do novo Plano Nacional de Reforma Agrária: 400 mil famílias até 2006. Diante das metas, o governo ouviu do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) uma promessa de cautela nas ações até meados deste ano. A contrapartida do Planalto é priorizar a reforma agrária, sem cortes na pasta. Na semana passada, o governo desapropriou num só dia terras para assentar 3.128 famílias.
Ontem, o ministro demonstrou preocupação em mostrar resultados a curto prazo. "Nosso governo é de quatro anos. Pode existir outro governo Lula, mas precisamos de resultados até o quarto ano", disse, segundo os deputados. Questionado ao sair do encontro, Dulci confirmou em parte a declaração. "A sociedade vai avaliar o governo por um mandato de quatro anos. Não teria nenhum sentido trabalhar com planos para o próximo governo, que não sabemos qual será", afirmou.
Para o ministro, as áreas prioritárias para a obtenção de resultados são a saúde, programas de transferência de renda e assistência social. Participaram da reunião, na parte da manhã, 42 dos 91 deputados petistas. Dulci afirmou que o presidente tem se dedicado "diuturnamente" à geração de emprego e ao crescimento econômico. O aniversário dos 24 anos do PT será festejado hoje em jantar dos deputados do partido com Lula na casa do presidente da Câmara, João Paulo Cunha. (FERNANDA KRAKOVICS e EDUARDO SCOLESE)

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