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Dulci diz que governo precisa criar
empregos e modificar a área social
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em seminário para deputados
federais do PT, o secretário-geral
da Presidência, Luiz Dulci, criticou a política de reforma agrária
em 2003 e disse que o governo
precisa promover mudanças na
área social e criar empregos.
"Vamos ser julgados pelas mudanças que promovermos. No
ano passado não fizemos mudanças, ficamos no esforço para a estabilidade. Temos que fazer mudanças especialmente na área social e na geração de empregos",
disse ele, segundo participantes
da reunião, realizada a portas fechadas em um hotel de Brasília.
Dulci considerou ruim o número de 30 mil famílias assentadas
no ano passado, fornecido pelo
ministro Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário). Na realidade, foram 37 mil famílias, segundo o Incra. "Fizemos pouco", teria dito ele, ressaltando que neste
ano a meta de assentamentos será
cumprida (115 mil famílias até dezembro, sendo 47 mil até junho).
Em maio do ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
prometeu assentar 60 mil famílias
até dezembro. Um mês antes,
com base no Orçamento, o Incra
havia divulgado uma meta de 37
mil famílias. Na prática, em 2003,
o governo federal conseguiu apenas cumprir a meta do Incra.
O governo não só não atingiu o
número de assentamentos prometido pelo presidente como viu
a quantidade de famílias acampadas saltar de 60 mil para 200 mil
em pouco menos de um ano.
Além disso, o Ministério do Desenvolvimento Agrário teve de
administrar outros dois fatos negativos: 2003 fechou com recordes de mortes por conflitos fundiários (42), o maior desde 98, e
de invasões de terra (222), mais
do que o dobro em relação a 2002.
O clima de tensão no campo decresceu quando, no final do ano, o
governo anunciou as metas do
novo Plano Nacional de Reforma
Agrária: 400 mil famílias até 2006.
Diante das metas, o governo ouviu do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra)
uma promessa de cautela nas
ações até meados deste ano. A
contrapartida do Planalto é priorizar a reforma agrária, sem cortes
na pasta. Na semana passada, o
governo desapropriou num só dia
terras para assentar 3.128 famílias.
Ontem, o ministro demonstrou
preocupação em mostrar resultados a curto prazo. "Nosso governo é de quatro anos. Pode existir
outro governo Lula, mas precisamos de resultados até o quarto
ano", disse, segundo os deputados. Questionado ao sair do encontro, Dulci confirmou em parte
a declaração. "A sociedade vai
avaliar o governo por um mandato de quatro anos. Não teria nenhum sentido trabalhar com planos para o próximo governo, que
não sabemos qual será", afirmou.
Para o ministro, as áreas prioritárias para a obtenção de resultados são a saúde, programas de
transferência de renda e assistência social. Participaram da reunião, na parte da manhã, 42 dos 91
deputados petistas. Dulci afirmou
que o presidente tem se dedicado
"diuturnamente" à geração de
emprego e ao crescimento econômico. O aniversário dos 24 anos
do PT será festejado hoje em jantar dos deputados do partido com
Lula na casa do presidente da Câmara, João Paulo Cunha.
(FERNANDA KRAKOVICS e EDUARDO SCOLESE)
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