São Paulo, sexta-feira, 10 de março de 2000


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PAINEL

Tripla desmoralização

A pressão do Judiciário contra o acordo do teto e a posição do Executivo, que transferiu o abacaxi para o Congresso, fizeram a solução para o impasse regredir à estaca zero. Desgastados publicamente, os Poderes não se entendem e, em alguns casos, brigam internamente.

Batata quente

Michel Temer (PMDB-SP) estava disposto ontem a barrar a tramitação da emenda que define o teto caso não haja consenso sobre a matéria pelo menos entre os líderes partidários e as duas Casas Legislativas. Hoje não há sinal de consenso à vista.

Tensão no ar

O presidente da Câmara chegou a confidenciar, sobre o impasse em torno do teto, que a Casa "não será exposta ao achincalhe". Quer dividir o ônus da crise. Frase de José Genoino (PT-SP): "Criou-se um beco político sem saída".

Desgaste interno

Pegou mal no STJ o presidente eleito do tribunal, Paulo Costa Leite, pregar a revisão do acordo do teto salarial. Não pelo mérito da proposta, mas por ele atropelar o atual presidente, Pádua Ribeiro, que só deixa efetivamente o cargo em abril.

Caixa-preta

O Planalto tentou, mas não conseguiu obter uma relação dos parlamentares que acumulam aposentadorias. Estima que sejam entre 140 e 150, mas não tem certeza. Senado e Câmara sempre têm um argumento à mão para não enviar a lista.

Opção preferencial

Ganha força no Planalto a proposta de usar recursos do fundo da pobreza, estimados em R$ 4 bi, para garantir um aumento substancial do mínimo. Falta convencer ACM, autor do projeto do fundo e animador do salário de US$ 100.

Raspando o tacho

Além do fundo da pobreza, o Planalto pensa em tirar dinheiro do Refis, programa de refinanciamento dos tributos federais, para bancar o mínimo. A expectativa do governo é de arrecadar R$ 8 bi, mas isso só será confirmado no final do mês.

Contra o estupro

As delegacias da mulher da Grande de São Paulo irão receber em breve um banco de dados eletrônico com descrições de suspeitos de praticar o estupro. O programa foi desenvolvido por duas vítimas.


Não, não e não

Eduardo Paes (PTB-RJ), relator da comissão do mínimo, diz que no governo há um triunvirato do não: "O não pode, o não deve e o não tem". É o que mais ouve, respectivamente, de Waldeck Ornélas (Previdência), Pedro Malan (Fazenda) e Martus Tavares (Planejamento).

Juntando os cacos

FHC vai à Câmara na quinta, dia 16. Para a entrega do prêmio Luís Eduardo Magalhães, concurso dirigido a universitários patrocinado pelo PFL. É um passo a mais na distensão entre os pefelistas e o Planalto.

Índios desabrigados e...

Pataxós de Santa Cruz de Cabrália (BA) protestam contra a festa dos 500 anos. Dizem que a urbanização da aldeia, contrapartida à construção de um museu no local, não anda. E que famílias tiveram de deixar suas casas sem receber as novas.

... militares sem hotel

Ao acertar há meses a ida da corte de FHC à festa dos 500 anos em Porto Seguro, o cerimonial da Presidência esqueceu das acomodações dos seguranças. Agora tenta, sem sucesso, achar instalações na região para 400 policiais do Exército.

Visitas à Folha

Antonio Carlos Viana Santos, presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), e Heraldo de Oliveira Silva, diretor-tesoureiro da AMB, visitaram ontem a Folha. Estavam acompanhados de Marcio Novaes, assessor de imprensa da entidade.

Vassili P. Gromov, embaixador da Federação da Rússia, e Vladimir Avrorski, cônsul-geral da Federação da Rússia em São Paulo, visitaram ontem a Folha.

TIROTEIO

Do senador Jorge Bornhausen (PFL-SC), sobre a crise em torno do teto salarial:
- É como na reforma tributária. Todos parecem ser a favor de uma solução, mas cada um tem a sua fórmula.

CONTRAPONTO

Curso intensivo
Pedro Parente (Casa Civil) esteve ontem com secretários estaduais de Fazenda para discutir mudanças na Lei Kandir.
Fechado o acordo, era necessário redigir o texto. Um assessor de Martus Tavares (Planejamento), José Guilherme Reis, foi para o gabinete de Parente usar o computador do ministro.
Enquanto aguardavam, um secretário do Nordeste disse que o governo deveria estimular mais a pesca. Argumento: o Brasil é um país com imenso mar territorial.
Parente pediu a palavra e começou a discorrer sobre uma política de pesca. Falou sobre pesca esportiva e providências do Ibama para o setor, mostrando grande conhecimento de causa. Os secretários ficaram boquiabertos:
- Eu não sabia que o ministro é um expert! - disse um deles.
Um assessor, ao lado, tratou de esclarecer:
- Na semana passada, ele enfrentou uma reunião de horas sobre política de pesca.


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