São Paulo, quarta-feira, 10 de março de 2004 |
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AGENDA NEGATIVA Órgão recomenda desconto de dia parado; ações contra tráfico de drogas e emissão de passaportes são prejudicadas Agentes da PF param por aumento de 85%
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA Os agentes, escrivães e papiloscopistas (especialistas em impressão digital) da Polícia Federal deram início ontem a uma greve por tempo indeterminado em todo o país. Os servidores querem reajuste salarial de 85%, o que equipara seus salários aos de delegados. Os grevistas estimam a adesão em 90%, mas o governo fixou entre 60% a 70% a participação. Uma portaria da direção da PF, de anteontem, recomenda às superintendências regionais e aos "titulares de funções comissionadas" para que controlem "rigorosamente o comparecimento ao trabalho e a assinatura de ponto com a finalidade do envio de faltas ao setor de pessoal para promover o desconto dos dias não-trabalhados". A portaria exige ainda dos grevistas "a pronta restituição" de armas e uniformes. A emissão de passaportes pela PF foi praticamente suspensa e só é feita em casos emergenciais. Para minimizar o impacto nas investigações mais importantes, a direção da PF deslocou delegados para algumas operações. O comando da instituição avalia que a greve é pacífica até o momento. Segundo Francisco Garisto, presidente da Fenapef (Federação Nacional de Policiais Federais), a greve será pacífica. A entidade não é filiada a nenhuma central sindical e representa 27 sindicatos estaduais -sete ligados à CUT. Os grevistas argumentam que desde a lei 9.266, de 1996, teriam direito a salários de nível superior, já que tal escolaridade passou a ser exigida para ingresso na PF. Um agente iniciante recebe R$ 4.200 líquidos. Já um delegado no mesmo estágio ganha R$ 7.800. Com os salários equiparados, o impacto estimado no Orçamento anual é de R$ 600 milhões, valor que o governo diz não haver hoje. Para o Ministério da Justiça, a reivindicação dos grevistas não tem base jurídica. De acordo com a pasta, ao mesmo tempo em que a lei exigiu o nível superior para os agentes, trouxe tabela com os vencimentos para cada função. Assim, a única forma de mudar o salário dos grevistas seria aprovar um projeto de lei no Congresso. A Fenapef questiona judicialmente esse entendimento. A entidade venceu em primeira instância uma ação na Justiça do Ceará. No Rio, houve a adesão de 800 servidores, segundo o sindicato. Cerca de 50 funcionários fizeram velório simbólico do ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça). A paralisação da PF também afetou duas operações de combate ao tráfico de drogas, na Amazônia e em Pernambuco, de acordo com os delegados responsáveis. Para o coordenador de Operações Especiais de Fronteiras, Mauro Spósito, a greve afetou o cronograma de implantação de sete novos postos na fronteira do Peru com o Acre e o Amazonas. A paralisação ameaça ainda inviabilizar ação de erradicação de plantios de maconha em PE. Segundo o superintendente da PF no Estado, Wilson Damázio, a ação já está agendada e não pode atrasar. Se isso ocorrer, há risco de a planta entrar no ciclo de maturação e ser colhida antes pelos traficantes. A greve em Santos (SP) gerou a suspensão da fiscalização de passageiros e tripulantes de navios e do combate à pirataria no porto da cidade, o maior do país. Na Bahia, prejudicou a fiscalização nos portos e aeroportos. Em Maceió (AL) e em Rio Branco (AC), os grevistas entregaram as armas que são da corporação e foram desarmados às manifestações. Colaboraram a Sucursal do Rio e a Agência Folha, em Manaus, Recife, Santos e Salvador Texto Anterior: Memória: Ministro viveu na clandestinidade no Paraná Próximo Texto: Greve atrapalha investigação de caso Waldomiro Índice |
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