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OPOSIÇÃO OU GOVERNO?
Partidos que mais perderam foram PFL, com 11, e PSDB, com 5; tucano critica "fisiologismo"
Base aliada já ganhou 29 novos deputados
LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A atração por cargos e verbas federais, os interesses de corporações e até o desejo de apoiar um
governo eleito por expressiva
maioria levaram 29 deputados e
trocar partidos de oposição por
legendas aliadas ao governo Luiz
Inácio Lula da Silva desde o início
do ano. O PFL perdeu 11 deputados para partidos governistas.
O PSDB já perdeu cinco deputados aos partidos da base e sofre a
ameaça de perder ainda mais. Outros que tiveram perdas foram o
PP (6), PMDB (4) e PST (3). O
PTB e o PL foram os partidos da
base aliada que mais receberam
deputados -sete cada.
O líder do PSDB na Câmara, Jutahy Magalhães (BA), avisa:
"Quem estiver vinculado ao governo, vai sair. Não permanecerá
como dissidente do partido". Segundo ele, o governo está promovendo "uma ação fisiológica",
buscando adesões "no varejão".
O deputado Rogério Silva (PPS-MT), que trocou o PMDB pelo
PPS um dia antes da posse na Câmara, explica o motivo da mudança: "Sou de uma região que
tem necessidade da presença dos
governos estadual e federal. Como o PMDB sinalizou que faria
oposição ao governo Lula, fui para o PPS".
Silva afirma que tem pleitos de
"interesse nacional" a apresentar
ao governo, como a restauração
da BR-163, que liga o norte do
Mato Grosso ao porto de Santarém. O deputado também participou das indicações feitas pelo PPS
para os cargos federais no Mato
Grosso: representação do Ministério da Integração Nacional, Basa
(Banco da Amazônia) e superintendência do Banco do Brasil.
Ricarte de Freitas (MT), que
coordenou a campanha do tucano José Serra no Mato Grosso,
trocou o PSDB pelo PTB na mesma data, 31 de janeiro, a tempo de
participar das negociações com o
PT para indicar os titulares dos
cargos federais no Estado.
O deputado Chico da Princesa
(PL-PR), que deixou o PSDB no
final de janeiro, explica assim a
sua troca: "Foi uma questão ideológica. Eu sempre fui governo. Vinha defendendo as reformas com
o PSDB. Agora continuo dando
apoio ao governo nas reformas
que acho necessárias".
Chico apresentou esses argumento a Jutahy ao deixar o partido. "Jutahy, eu sempre fui governo. Se 55 milhões de eleitores votaram no Lula, temos que dar
apoio, pelo menos nos dois primeiros anos". Mas o deputado
deixa claro que vai querer um retorno do governo. "Quero ter espaço no governo. Quero liberar as
minhas emendas".
Mas Jutahy tem outra explicação para a saída de Chico. Afirma
que o deputado é ligado ao setor
de transportes e teria sido pressionado a ingressar num partido
aliado ao governo. "Todo o governo tem o dever de buscar a maioria no Congresso, mas essa maioria tem que ser construída em cima de um programa. É lamentável quando os deputados vão por
interesses específicos de lobbies e
corporações".
A Folha telefonou ontem para as
assessorias do ministro chefe da
Casa Civil, José Dirceu, do líder do
governo na Câmara, Aldo Rebelo
(PC do B), e do líder do PT na Câmara, Nelson Pellegrino, e informou que gostaria de ouvi-los sobre acusação de que o governo estaria cooptando deputados, numa "ação fisiológica". Não houve
resposta até as 19h. Dirceu já negou, anteriormente, qualquer
ação para atrair os deputados à
base aliada.
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