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São Paulo, sábado, 10 de maio de 2003

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OPOSIÇÃO OU GOVERNO?

Partidos que mais perderam foram PFL, com 11, e PSDB, com 5; tucano critica "fisiologismo"

Base aliada já ganhou 29 novos deputados

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A atração por cargos e verbas federais, os interesses de corporações e até o desejo de apoiar um governo eleito por expressiva maioria levaram 29 deputados e trocar partidos de oposição por legendas aliadas ao governo Luiz Inácio Lula da Silva desde o início do ano. O PFL perdeu 11 deputados para partidos governistas.
O PSDB já perdeu cinco deputados aos partidos da base e sofre a ameaça de perder ainda mais. Outros que tiveram perdas foram o PP (6), PMDB (4) e PST (3). O PTB e o PL foram os partidos da base aliada que mais receberam deputados -sete cada.
O líder do PSDB na Câmara, Jutahy Magalhães (BA), avisa: "Quem estiver vinculado ao governo, vai sair. Não permanecerá como dissidente do partido". Segundo ele, o governo está promovendo "uma ação fisiológica", buscando adesões "no varejão".
O deputado Rogério Silva (PPS-MT), que trocou o PMDB pelo PPS um dia antes da posse na Câmara, explica o motivo da mudança: "Sou de uma região que tem necessidade da presença dos governos estadual e federal. Como o PMDB sinalizou que faria oposição ao governo Lula, fui para o PPS".
Silva afirma que tem pleitos de "interesse nacional" a apresentar ao governo, como a restauração da BR-163, que liga o norte do Mato Grosso ao porto de Santarém. O deputado também participou das indicações feitas pelo PPS para os cargos federais no Mato Grosso: representação do Ministério da Integração Nacional, Basa (Banco da Amazônia) e superintendência do Banco do Brasil.
Ricarte de Freitas (MT), que coordenou a campanha do tucano José Serra no Mato Grosso, trocou o PSDB pelo PTB na mesma data, 31 de janeiro, a tempo de participar das negociações com o PT para indicar os titulares dos cargos federais no Estado.
O deputado Chico da Princesa (PL-PR), que deixou o PSDB no final de janeiro, explica assim a sua troca: "Foi uma questão ideológica. Eu sempre fui governo. Vinha defendendo as reformas com o PSDB. Agora continuo dando apoio ao governo nas reformas que acho necessárias".
Chico apresentou esses argumento a Jutahy ao deixar o partido. "Jutahy, eu sempre fui governo. Se 55 milhões de eleitores votaram no Lula, temos que dar apoio, pelo menos nos dois primeiros anos". Mas o deputado deixa claro que vai querer um retorno do governo. "Quero ter espaço no governo. Quero liberar as minhas emendas".
Mas Jutahy tem outra explicação para a saída de Chico. Afirma que o deputado é ligado ao setor de transportes e teria sido pressionado a ingressar num partido aliado ao governo. "Todo o governo tem o dever de buscar a maioria no Congresso, mas essa maioria tem que ser construída em cima de um programa. É lamentável quando os deputados vão por interesses específicos de lobbies e corporações". A Folha telefonou ontem para as assessorias do ministro chefe da Casa Civil, José Dirceu, do líder do governo na Câmara, Aldo Rebelo (PC do B), e do líder do PT na Câmara, Nelson Pellegrino, e informou que gostaria de ouvi-los sobre acusação de que o governo estaria cooptando deputados, numa "ação fisiológica". Não houve resposta até as 19h. Dirceu já negou, anteriormente, qualquer ação para atrair os deputados à base aliada.


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