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AGENDA NEGATIVA
Ministro da Casa Civil ameaça retirar proposta de reajuste; governo envia carta aos servidores públicos
Sem acordo, grevistas medem força com Lula
LUIS RENATO STRAUSS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Enquanto os servidores federais
prometem, a partir de hoje, aumentar a paralisação em todo o
país, o governo faz ameaças e
aposta no enfraquecimento do
movimento depois do anúncio de
reajustes para a categoria.
Hoje foi o dia escolhido para
uma greve geral no funcionalismo, mas o movimento está fragmentado. Várias categorias, insatisfeitas, anteciparam a paralisação, mas outras aceitaram os reajustes propostos e não devem parar ou, no máximo, vão realizar
paralisações de um a três dias.
A proposta do Executivo prevê
reajustes diferenciados entre
12,85% e 32,27% para os servidores na ativa e de 9,50% a 29,38%
para os inativos. Os servidores pedem sobretudo reajuste salarial
emergencial de 50,19%, incorporação das gratificações, criação de
uma data-base de reajuste e reestruturação do plano de carreira.
Dentro da estratégia para debilitar o movimento, hoje o governo
começa a enviar cartas aos
905.848 servidores na tentativa de
mostrar que foi feito o que era
possível. Em discurso anteontem
à tarde para militantes do PT, em
São José dos Campos (SP), o ministro-chefe da Casa Civil, José
Dirceu, disse que o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva vai retirar a proposta de reajuste que já
foi feita, caso eles dêem início a
uma greve nesta semana.
Os sindicalistas estimam que
categorias que somam 70 mil funcionários devem paralisar hoje
suas atividades. Elas engrossarão
as seis carreiras que já estão em
greve. Sindicatos afirmam que o
endurecimento do tom do governo não alterou o calendário de
protestos, mas admitem que não
será mais uma greve geral.
Na semana passada, o governo
deu um ultimato aos sindicatos
que representam os servidores
públicos para que eles digam, até
o dia 21 de maio, se aceitam ou
não a proposta de reajustes diferenciados feita pelo governo. A
categoria que recusar a proposta
vai ter o aumento suspenso.
Na sexta-feira, representantes
de categorias do Legislativo, Judiciário, saúde, educação, Previdência, administradores públicos e
fiscalização confirmaram a paralisação de hoje. Participam da mesa de negociação com o governo
11 sindicatos, que têm em sua base
700 mil servidores da ativa.
Segundo nove sindicalistas ouvidos pela Folha, cerca de 10% da
categoria já está em greve e outros
10% serão incorporados hoje. Isso
porque, apesar de o governo ter
oferecido uma proposta conjunta,
muitas das categorias negociam à
parte com o governo e acertaram
datas diferentes para fazer greve.
Hoje ameaçam parar por tempo
indeterminado os servidores do
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), os administradores que trabalham na AGU
(Advocacia Geral da União), os
funcionários da Funasa (Fundação Nacional de Saúde) e os funcionários técnicos-administrativos de 17 das 57 universidades federais. Além disso, todas as 29 superintendências regionais do Incra estarão em greve, segundo o
sindicato (leia texto ao lado).
Já os docentes das universidades públicas param temporariamente hoje, amanhã e no dia 20.
No dia 22, fazem assembléia para
decidir os próximos passos. Os
funcionários do Banco do Brasil
param no dia 13 e, no mesmo dia,
os servidores do Ministério da
Planejamento fazem assembléia
para decidir sobre a paralisação.
Os servidores do Judiciário e do
Ministério Público da União marcaram a sua greve para o dia 18.
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