São Paulo, segunda-feira, 10 de maio de 2004

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AGENDA NEGATIVA

Ministro da Casa Civil ameaça retirar proposta de reajuste; governo envia carta aos servidores públicos

Sem acordo, grevistas medem força com Lula

LUIS RENATO STRAUSS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Enquanto os servidores federais prometem, a partir de hoje, aumentar a paralisação em todo o país, o governo faz ameaças e aposta no enfraquecimento do movimento depois do anúncio de reajustes para a categoria.
Hoje foi o dia escolhido para uma greve geral no funcionalismo, mas o movimento está fragmentado. Várias categorias, insatisfeitas, anteciparam a paralisação, mas outras aceitaram os reajustes propostos e não devem parar ou, no máximo, vão realizar paralisações de um a três dias.
A proposta do Executivo prevê reajustes diferenciados entre 12,85% e 32,27% para os servidores na ativa e de 9,50% a 29,38% para os inativos. Os servidores pedem sobretudo reajuste salarial emergencial de 50,19%, incorporação das gratificações, criação de uma data-base de reajuste e reestruturação do plano de carreira.
Dentro da estratégia para debilitar o movimento, hoje o governo começa a enviar cartas aos 905.848 servidores na tentativa de mostrar que foi feito o que era possível. Em discurso anteontem à tarde para militantes do PT, em São José dos Campos (SP), o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai retirar a proposta de reajuste que já foi feita, caso eles dêem início a uma greve nesta semana.
Os sindicalistas estimam que categorias que somam 70 mil funcionários devem paralisar hoje suas atividades. Elas engrossarão as seis carreiras que já estão em greve. Sindicatos afirmam que o endurecimento do tom do governo não alterou o calendário de protestos, mas admitem que não será mais uma greve geral.
Na semana passada, o governo deu um ultimato aos sindicatos que representam os servidores públicos para que eles digam, até o dia 21 de maio, se aceitam ou não a proposta de reajustes diferenciados feita pelo governo. A categoria que recusar a proposta vai ter o aumento suspenso.
Na sexta-feira, representantes de categorias do Legislativo, Judiciário, saúde, educação, Previdência, administradores públicos e fiscalização confirmaram a paralisação de hoje. Participam da mesa de negociação com o governo 11 sindicatos, que têm em sua base 700 mil servidores da ativa.
Segundo nove sindicalistas ouvidos pela Folha, cerca de 10% da categoria já está em greve e outros 10% serão incorporados hoje. Isso porque, apesar de o governo ter oferecido uma proposta conjunta, muitas das categorias negociam à parte com o governo e acertaram datas diferentes para fazer greve.
Hoje ameaçam parar por tempo indeterminado os servidores do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), os administradores que trabalham na AGU (Advocacia Geral da União), os funcionários da Funasa (Fundação Nacional de Saúde) e os funcionários técnicos-administrativos de 17 das 57 universidades federais. Além disso, todas as 29 superintendências regionais do Incra estarão em greve, segundo o sindicato (leia texto ao lado).
Já os docentes das universidades públicas param temporariamente hoje, amanhã e no dia 20. No dia 22, fazem assembléia para decidir os próximos passos. Os funcionários do Banco do Brasil param no dia 13 e, no mesmo dia, os servidores do Ministério da Planejamento fazem assembléia para decidir sobre a paralisação. Os servidores do Judiciário e do Ministério Público da União marcaram a sua greve para o dia 18.


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