São Paulo, segunda-feira, 10 de maio de 2004

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Crianças deixam de freqüentar escolas em RO

DA AGÊNCIA FOLHA, NA TERRA INDÍGENA ROOSEVELT (RO)

As crianças cintas-largas deixaram de ir às escolas de Espigão d'Oeste e de Cacoal depois do massacre de ao menos 29 garimpeiros na reserva Roosevelt. Depois das mortes (em 7 de abril) e da retirada dos garimpeiros da reserva pela Polícia Federal, elas permaneceram nas aldeias com suas famílias.
Muitos índios têm moradia fixa em um dos municípios, mas, em razão do clima tenso e da possibilidade de confronto com garimpeiros, toda a tribo permaneceu nas aldeias. É o caso de Wellington, 11. "Um bandido foi até minha casa ameaçar a gente. Fomos correndo para a polícia, pois ele era um cobrador de diamantes suspeito. Fomos para a delegacia denunciar", disse Wellington. O garoto está matriculado no quinto ano do ensino fundamental. Ele é filho do chefe João Bravo Cinta Larga, que morava em Cacoal. Segundo ele, a ameaça aconteceu no final de abril e foi registrada na delegacia da Polícia Civil.
Wellington afirma que tem saudade da escola, mas que é perigoso voltar para a cidade. "Eu gosto muito da escola, quero estudar para ser advogado e defender meu povo, mas meu pai acha melhor não arriscar."
De acordo com os cintas-largas, não há professores nas 12 aldeias existentes na reserva Roosevelt. Os indígenas afirmam que, nas aldeias, há 700 crianças e adolescentes, mas não sabem informar quantas estão em idade escolar. "Eu queria que tivesse escola aqui [na aldeia]", disse Rosana, 14, irmã de Wellington. No mês passado, uma professora disse que os pais ficaram com medo de deixar os filhos saírem da aldeia após o massacre. (KÁTIA BRASIL)



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