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Crianças deixam
de freqüentar
escolas em RO
DA AGÊNCIA FOLHA, NA TERRA INDÍGENA ROOSEVELT (RO)
As crianças cintas-largas
deixaram de ir às escolas de
Espigão d'Oeste e de Cacoal
depois do massacre de ao
menos 29 garimpeiros na reserva Roosevelt. Depois das
mortes (em 7 de abril) e da
retirada dos garimpeiros da
reserva pela Polícia Federal,
elas permaneceram nas aldeias com suas famílias.
Muitos índios têm moradia fixa em um dos municípios, mas, em razão do clima
tenso e da possibilidade de
confronto com garimpeiros,
toda a tribo permaneceu nas
aldeias. É o caso de Wellington, 11. "Um bandido foi até
minha casa ameaçar a gente.
Fomos correndo para a polícia, pois ele era um cobrador
de diamantes suspeito. Fomos para a delegacia denunciar", disse Wellington. O
garoto está matriculado no
quinto ano do ensino fundamental. Ele é filho do chefe
João Bravo Cinta Larga, que
morava em Cacoal. Segundo
ele, a ameaça aconteceu no
final de abril e foi registrada
na delegacia da Polícia Civil.
Wellington afirma que
tem saudade da escola, mas
que é perigoso voltar para a
cidade. "Eu gosto muito da
escola, quero estudar para
ser advogado e defender
meu povo, mas meu pai
acha melhor não arriscar."
De acordo com os cintas-largas, não há professores
nas 12 aldeias existentes na
reserva Roosevelt. Os indígenas afirmam que, nas aldeias, há 700 crianças e adolescentes, mas não sabem informar quantas estão em
idade escolar. "Eu queria
que tivesse escola aqui [na
aldeia]", disse Rosana, 14, irmã de Wellington. No mês
passado, uma professora
disse que os pais ficaram
com medo de deixar os filhos saírem da aldeia após o
massacre.
(KÁTIA BRASIL)
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