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Outras etnias se dizem discriminadas
TIAGO ORNAGHI
DA AGÊNCIA FOLHA
Índios do Estado de Rondônia
afirmam estar enfrentando uma
onda de discriminação em razão
do assassinato de garimpeiros por
indígenas de uma das etnias que
vive no Estado, a cinta-larga.
O massacre de pelo menos 29
garimpeiros ocorreu no dia 7 de
abril dentro da reserva Roosevelt,
localizada no sudeste de Rondônia (veja mapa ao lado).
Representantes da etnia tupari,
que vive em uma reserva na região do município de Alta Floresta d'Oeste (540 km de Porto Velho), se queixaram na sexta-feira
ao Ministério Público Federal, em
Porto Velho, que estão sendo vítimas de discriminação por parte
de não-índios em vários municípios do Estado.
Ameaças
De acordo com o chefe indígena
Brasilino Tupari, já foram registrados pelo menos três casos em
que índios foram constrangidos
pela população não-índia. "As cidades estão se tornando um ambiente perigoso para os índios.
Não podemos mais andar seguros
onde existem garimpeiros", declarou o chefe.
O garimpeiro Sabiá, do sindicato dos garimpeiros de Espigão
d'Oeste (534 km de Porto Velho),
cidade mais próxima da reserva
Roosevelt, disse que desconhece
todos os casos e que não são os garimpeiros os responsáveis pela
discriminação contra os indígenas. "Sempre trabalhamos junto
com os índios até o massacre da
Roosevelt", declarou.
Em Guajará-Mirim (330 km de
Porto Velho), na fronteira com a
Bolívia, no dia 27 de abril, um índio conhecido por "Chuá", da etnia urupá, foi espancado por três
homens que, segundo o índio, diziam estar se vingando pelo assassinato dos garimpeiros. De acordo com Chuá, eles o chamaram de
"matador de brancos".
Chuá sofreu diversas escoriações e ficou hospitalizado por três
dias no hospital da cidade.
Em Ariquemes (199 km de Porto Velho), no último dia 25 de
abril, por volta das 20h, três jagunços de uma fazenda da região
constrangeram uma comitiva de
índios tupari que estava na cidade
para comprar comida.
Em um restaurante no centro
da cidade, os homens, que segundo os índios estavam armados,
abordaram os indígenas e perguntaram se eles eram cintas-largas. Agentes da Polícia Militar intervieram e separaram os grupos.
Não houve confronto.
Nesse mesmo dia, em Pimenta
Bueno (515 km de Porto Velho),
próximo à reserva Roosevelt, uma
mulher tupari afirma ter sido impedida de fazer compras em um
mercado da cidade. Ela afirma
que a bolsa que carregava foi atirada no chão por dois jovens que
a expulsaram do estabelecimento.
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