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ELEIÇÃO 2004
Cúpula do partido se reúne na 4ª feira; ex-prefeito pode ficar impossibilitado de sair candidato neste ano
Direção do PP propõe suspensão de Maluf
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente nacional do PP
(Partido Progressista), deputado
federal Pedro Corrêa (PE), vai colocar em votação na Comissão
Executiva Nacional da sigla um
pedido de suspensão da filiação
de Paulo Maluf. A reunião está
marcada para as 14h de quarta-feira, em Brasília.
Se aprovada, essa decisão inviabiliza a candidatura de Maluf a
prefeito da cidade de São Paulo na
disputa deste ano. Pela lei brasileira, é necessário estar filiado a um
partido político para concorrer a
uma eleição.
Fazem parte da Executiva Nacional do PP, segundo Pedro Corrêa, 63 pessoas -inclusive os deputados federais, que são todos os
maiores opositores de Maluf no
partido. "Muitos integrantes da
direção do partido têm me ligado
e vou ter de encaminhar para votação essa proposta de suspensão
da filiação do Paulo Maluf do partido", disse Corrêa ontem. "Vai
ser melhor para ele, que terá tempo de provar sua inocência sem as
atribuições partidárias".
É difícil dizer qual a chance da
proposta ser aprovada, mas é certo que Maluf hoje tem muito menos peso no partido do que no
passado. Além disso, sua ascendência sobre a maioria dos deputados -que dominam a Executiva do PP- é limitada. Das 53 cadeiras do PP na Câmara, apenas
seis são ocupadas por paulistas.
A razão do pedido de suspensão
do partido é a recente revelação
de documentos que mostram a
assinatura de Maluf como beneficiário de uma conta corrente na
Suíça e dão sinais de que outras
contas podem existir -o ex-prefeito nega a existência delas.
Segundo Corrêa, "a maioria dos
deputados está querendo a suspensão" de Maluf. "Esse negócio
todo das contas é muito pesado".
Indagado se a apresentação dos
novos documentos já seria suficiente para provar o envolvimento de Maluf, o presidente do PP
disse: "Qual é a diferença entre
beneficiário e dono da conta? O
saldo pertence a ele. Vai dizer o
quê? Se isso for verdade, a assinatura não for falsa, não tem o que
dizer. Se a assinatura é dele, não
tem nenhuma diferença entre ser
beneficiário ou dono da conta".
Se for mesmo suspenso do partido, a única hipótese de Maluf retornar ao PP, diz Corrêa, "é ele
provar que aquilo não é dele". E
pergunta: "Como você vai manter
uma candidatura de uma pessoa a
prefeito de São Paulo que vai atingir todas as outras candidaturas
no meio da campanha? Não dá,
né? Com todos os candidatos com
quem eu tenho conversado, está
todo mundo chateado. Isso atinge
a eles. Você sabe que quando começarem as propagandas de TV,
em todos os cantos, os adversários vão dizer: "Você é malufista,
deve estar aí recebendo dinheiro
do esquema dele". Isso é muito
ruim".
Outro candidato
Um dos autores do pedido de
suspensão de Maluf, segundo
Corrêa, é o deputado federal Celso Russomano (PP-SP), junto
com o líder do partido na Câmara, Pedro Henry (PP-MT). Russomano tem interesse direto no assunto: é pré-candidato da sigla a
prefeito de São Paulo.
"Se o Maluf não for candidato,
será o Celso. É importante que o
PP tenha candidato próprio em
São Paulo. Não tem interesse pessoal envolvido. Há uma preocupação imensa porque nós temos
2.800 candidatos a prefeito. A
grande maioria está preocupada
com o envolvimento dele [Maluf]
nesse processo".
Com a eventual saída de Maluf
da disputa pela Prefeitura de São
Paulo, o cenário fica mais favorável para a entrada do tucano José
Serra no páreo -sem o candidato do PP, Serra aparece em primeiro lugar, segundo pesquisa
Datafolha do final de março.
A ala malufista do PP insinua
que Pedro Corrêa estaria a serviço
do PSDB ao encaminhar o pedido
de suspensão de Maluf. O presidente do PP nega. "Não tem nada
disso. Trata-se de defender o partido. Falam isso porque estive na
terça-feira passada com o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) para convidá-lo para o jantar
de encerramento de um seminário sobre economia e competitividade que o PP promoveu em São
Paulo. Fui junto com vários deputados do PP. Da mesma forma
que convidamos o prefeito em
exercício de São Paulo, o dr. Hélio
Bicudo, pois a prefeita Marta Suplicy não estava. Acabou que o dr.
Bicudo foi ao jantar e o governador Alckmin não pôde ir".
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