São Paulo, segunda-feira, 10 de maio de 2004

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ELEIÇÃO 2004

Cúpula do partido se reúne na 4ª feira; ex-prefeito pode ficar impossibilitado de sair candidato neste ano

Direção do PP propõe suspensão de Maluf

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente nacional do PP (Partido Progressista), deputado federal Pedro Corrêa (PE), vai colocar em votação na Comissão Executiva Nacional da sigla um pedido de suspensão da filiação de Paulo Maluf. A reunião está marcada para as 14h de quarta-feira, em Brasília.
Se aprovada, essa decisão inviabiliza a candidatura de Maluf a prefeito da cidade de São Paulo na disputa deste ano. Pela lei brasileira, é necessário estar filiado a um partido político para concorrer a uma eleição.
Fazem parte da Executiva Nacional do PP, segundo Pedro Corrêa, 63 pessoas -inclusive os deputados federais, que são todos os maiores opositores de Maluf no partido. "Muitos integrantes da direção do partido têm me ligado e vou ter de encaminhar para votação essa proposta de suspensão da filiação do Paulo Maluf do partido", disse Corrêa ontem. "Vai ser melhor para ele, que terá tempo de provar sua inocência sem as atribuições partidárias".
É difícil dizer qual a chance da proposta ser aprovada, mas é certo que Maluf hoje tem muito menos peso no partido do que no passado. Além disso, sua ascendência sobre a maioria dos deputados -que dominam a Executiva do PP- é limitada. Das 53 cadeiras do PP na Câmara, apenas seis são ocupadas por paulistas.
A razão do pedido de suspensão do partido é a recente revelação de documentos que mostram a assinatura de Maluf como beneficiário de uma conta corrente na Suíça e dão sinais de que outras contas podem existir -o ex-prefeito nega a existência delas.
Segundo Corrêa, "a maioria dos deputados está querendo a suspensão" de Maluf. "Esse negócio todo das contas é muito pesado".
Indagado se a apresentação dos novos documentos já seria suficiente para provar o envolvimento de Maluf, o presidente do PP disse: "Qual é a diferença entre beneficiário e dono da conta? O saldo pertence a ele. Vai dizer o quê? Se isso for verdade, a assinatura não for falsa, não tem o que dizer. Se a assinatura é dele, não tem nenhuma diferença entre ser beneficiário ou dono da conta".
Se for mesmo suspenso do partido, a única hipótese de Maluf retornar ao PP, diz Corrêa, "é ele provar que aquilo não é dele". E pergunta: "Como você vai manter uma candidatura de uma pessoa a prefeito de São Paulo que vai atingir todas as outras candidaturas no meio da campanha? Não dá, né? Com todos os candidatos com quem eu tenho conversado, está todo mundo chateado. Isso atinge a eles. Você sabe que quando começarem as propagandas de TV, em todos os cantos, os adversários vão dizer: "Você é malufista, deve estar aí recebendo dinheiro do esquema dele". Isso é muito ruim".

Outro candidato
Um dos autores do pedido de suspensão de Maluf, segundo Corrêa, é o deputado federal Celso Russomano (PP-SP), junto com o líder do partido na Câmara, Pedro Henry (PP-MT). Russomano tem interesse direto no assunto: é pré-candidato da sigla a prefeito de São Paulo.
"Se o Maluf não for candidato, será o Celso. É importante que o PP tenha candidato próprio em São Paulo. Não tem interesse pessoal envolvido. Há uma preocupação imensa porque nós temos 2.800 candidatos a prefeito. A grande maioria está preocupada com o envolvimento dele [Maluf] nesse processo".
Com a eventual saída de Maluf da disputa pela Prefeitura de São Paulo, o cenário fica mais favorável para a entrada do tucano José Serra no páreo -sem o candidato do PP, Serra aparece em primeiro lugar, segundo pesquisa Datafolha do final de março.
A ala malufista do PP insinua que Pedro Corrêa estaria a serviço do PSDB ao encaminhar o pedido de suspensão de Maluf. O presidente do PP nega. "Não tem nada disso. Trata-se de defender o partido. Falam isso porque estive na terça-feira passada com o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) para convidá-lo para o jantar de encerramento de um seminário sobre economia e competitividade que o PP promoveu em São Paulo. Fui junto com vários deputados do PP. Da mesma forma que convidamos o prefeito em exercício de São Paulo, o dr. Hélio Bicudo, pois a prefeita Marta Suplicy não estava. Acabou que o dr. Bicudo foi ao jantar e o governador Alckmin não pôde ir".


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