São Paulo, domingo, 10 de maio de 2009

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Tanque vazio

Os repasses federais da Cide mergulharam 90% no primeiro trimestre, causando perda conjunta de cerca de R$ 300 milhões. São Paulo, Estado que recebe a maior fatia da contribuição sobre combustíveis destinada a financiar obras em rodovias, arrecadou pouco mais de R$ 5 milhões, contra previsão de R$ 50 milhões. Minas, R$ 3 milhões (previsão de R$ 30 milhões). Rio, R$ 1,4 milhão (previsão de R$ 14 milhões).
Os Estados avaliam que a redução na alíquota da Cide promovida em junho de 2008 é insuficiente para explicar tombo de tal magnitude. Creditam responsabilidade à compensação de tributos acertada entre governo e Petrobras, fonte maior da Cide. Na quarta-feira, secretários da Fazenda se reúnem em Brasília para discutir os termos do pedido e socorro.



Viés de baixa. A probabilidade de Gilberto Carvalho assumir a presidência do PT caiu com a doença de Dilma Rousseff. Ficou mais difícil para Lula, que nunca morreu de amores pela ideia, abrir mão do auxiliar que, na prática, é muito mais do que chefe de gabinete em seu governo.

Banco. Voltaram à bolsa de apostas para dirigir o PT opções como o secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci, e o ex-presidente da Petrobras José Eduardo Dutra.

Na real. Mas e a tão comentada necessidade de encontrar um presidente que "fale em nome de Lula"? Um petista que conhece a vida minimiza o problema. Bastaria escolher alguém que tocasse o PT sem criar muita confusão. Da campanha cuidariam o marqueteiro João Santana, um bom tesoureiro e o próprio Gilberto Carvalho.

Fé. Depois de assistir à missa do padre Marcelo em SP, Dilma participará em 31 de maio do Pentecostes na paróquia São Pedro, em Taguatinga, cidade-satélite de Brasília. A celebração, conduzida pelo padre Moacir Anastácio, reúne anualmente um milhão de pessoas ao longo de três dias.

Conta outra 1. Nem o PSDB acredita que a maioria dos diretórios regionais do PMDB tenda hoje a apoiar José Serra, contrariando balanço levado ao Planalto por peemedebistas insatisfeitos com sua fatia no bolo de cargos.

Conta outra 2. Tucanos acham que as perspectivas de aliança com o PMDB são boas, tanto em São Paulo quanto em outros Estados importantes, mas o placar geral nem de longe é o sugerido na ameaça peemedebista.

Imobiliária 1. Técnicos que analisam os contratos do Senado identificaram pelo menos quatro partidos políticos (DEM, PSDB, PP e PMDB) que utilizam grandes espaços na Casa a preços irrisórios, se comparados ao custo do metro quadrado em Brasília. De quebra, essas legendas usufruem de taxas camaradas de luz e telefone.

Imobiliária 2. Os contratos foram revalidados no ano passado, ainda sob a direção-geral de Agaciel Maia. O maior espaço é destinado ao DEM (211 m2, além de 82,6 m2 para o Instituto Liberdade e Cidadania, ligado ao partido). O PP dispõe de 123 m2. PSDB e PMDB mantêm no Senado, respectivamente, o Instituto Teotônio Vilela e a Fundação Ulysses Guimarães.

Canetada. A cessão de espaço a partidos políticos chegou a ser analisada pelo Tribunal de Contas da União. Mas o ministro Raimundo Carreiro, ex-secretário-geral do Senado, não viu "quaisquer indícios de que a administração do Senado possa ter praticado atos irregulares".

Imensidão. Piada que corre na Assembleia Legislativa do Maranhão: o governador pedetista Jackson foi cassado porque é apenas "Lago", enquanto José Sarney, pai de Roseana, é "O Dono do Mar".

com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

"Fazer dos partidos apêndices do Estado, num país onde se usa dinheiro público para tudo, é ideia que só poderia partir de uma cabeça estatizante como a de Tarso Genro."

Do deputado ARNALDO MADEIRA (PSDB-SP), sobre a defesa de Tarso Genro (Justiça) do financiamento público de campanha porque "empresas colocam adicional de preço nas licitações" em troca de doações.

Contraponto

Pré-Agaciel

"Cafezinho" era o apelido de um funcionário da Câmara que, nos anos 80, antes das facilidades introduzidas pela abertura comercial, cuidava de fornecer eletroeletrônicos e bebidas importados aos congressistas. Numa viagem ao Paraguai para buscar muamba, foi preso pela PF.
O então presidente do Senado, Humberto Lucena, procurou aflito o da Câmara, Ulysses Guimarães:
-Temos de dar um jeito na situação do Cafezinho!
-Não tenho nada com isso...- esquivou-se Ulysses.
-Ele tem um bolo de mais de cem cheques pré-datados de deputados e senadores! -, desesperou-se Lucena.
Um par de telefonemas depois, Cafezinho estava solto.


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