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Partidos mantêm dívidas de R$ 6 mi com órgãos públicos
PT é responsável por 93,5% das pendências declaradas por 11 siglas à Justiça Eleitoral
PR e PTB estão atrás de petistas; TSE diz que lei não prevê corte ou bloqueio no repasse do fundo partidário para siglas devedoras
FÁBIO ZANINI
FERNANDA ODILLA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os partidos políticos fazem
lobby pelo financiamento público de campanha, mas não
conseguem honrar suas pendências com os cofres do governo. Vários mantêm dívidas com
a Previdência Social, o fisco, estatais e prefeituras.
Na semana passada, 11 legendas declararam ter contas a
acertar com órgãos públicos, de
acordo com as prestações referentes a 2008 entregues à Justiça Eleitoral. O número corresponde à metade dos 22 partidos que apresentaram sua documentação ao TSE (Tribunal
Superior Eleitoral).
Os partidos devedores estão
pendurados em um total de
R$ 5,91 milhões junto a órgãos
públicos. A esmagadora maioria dessa dívida é do PT. Sozinho, o partido do presidente da
República responde por
R$ 5,53 milhões, ou 93,5% do
total declarado pelas 11 siglas.
É ainda a herança da gestão
do ex-tesoureiro Delúbio Soares, embora essa dívida venha
caindo gradualmente -era de
R$ 12,9 milhões há dois anos.
O PT deve R$ 4,45 milhões ao
INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social), subordinado
ao Ministério da Previdência,
do petista José Pimentel, e
R$ 903 mil ao Ministério da Fazenda, controlado pelo também petista Guido Mantega.
Há ainda débitos relacionados à Prefeitura de São Paulo,
principalmente ISS (Imposto
Sobre Serviços), e à Caixa.
"Estamos renegociando essas dívidas e esperamos fechar
em breve o parcelamento da
que temos com o INSS", diz o
tesoureiro petista, Paulo Ferreira. Segundo ele, desde o início do ano, várias dívidas foram
quitadas. Ele não contou quais.
Num distante segundo lugar,
o PR deve cerca de R$ 200 mil,
metade à Previdência Social.
Segundo a legenda, 80% desse
valor é dívida antiga dos partidos que se uniram para formar
o PR (PL, Prona, PST e PGT).
Uma auditoria nas contas
dessas siglas deve ser concluída
ainda neste ano. O PR afirma
que vai procurar os órgãos da
União para fazer os pagamentos só depois de identificados
credores e valores exatos.
No ranking dos maiores devedores, o PTB está em terceiro, com débito acumulado de
R$ 99 mil. O partido responsabiliza seus diretórios estaduais
e municipais por isso.
"Os débitos dos diretórios locais, que são principalmente de
origem trabalhista, contaminam as contas do Diretório Nacional. Já mudamos o estatuto
para que isso não ocorra", afirma o tesoureiro Benito Gama.
Há também dívidas registradas por PC do B, DEM, PV,
PSDC, PHS, PMDB, PDT e PSL.
O TSE diz que a legislação
não prevê corte ou bloqueio no
repasse do fundo partidário para siglas que devem à União. E a
Constituição assegura imunidade tributária aos partidos.
Isso significa que a União, os
Estados e os municípios estão
proibidos de cobrar tributos de
partidos políticos bem como de
suas fundações, sindicatos e
instituições educacionais. No
entanto, o Código Tributário
Nacional prevê a suspensão da
imunidade pela Receita caso a
sigla não atenda a requisitos como aplicar os recursos integralmente na manutenção de seus
objetivos institucionais e manter livros-caixas que assegurem
a exatidão da contabilidade.
Em 2007, o fisco adotou pela
primeira vez medidas contra
partidos políticos. Suspendeu a
imunidade tributária de sete:
PT, PP, PTB, PR, DEM, PMDB
e PSDB. Depois de dois anos de
investigação -iniciada após o
escândalo do mensalão-, auditores detectaram falhas como
falta de recolhimento de Imposto de Renda na fonte, uso de
notas frias e caixa dois.
A imunidade foi suspensa somente nos períodos em que foram identificadas as irregularidades. No caso do PT, o partido
ficou sujeito a multas entre
2002 e 2005, incluindo o período da campanha que elegeu Lula presidente pela primeira vez.
A imunidade do PR foi cancelada entre 2003 e 2006 e a do
PTB valeu para os anos de 2003
e 2005. Para os demais, o fisco
determinou a suspensão no período de 2002 a 2004.
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