São Paulo, sábado, 10 de junho de 2000 |
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PAINEL O império contra-ataca A indústria do tabaco desencadeou forte lobby na Câmara contra o projeto que proíbe a propaganda de cigarro. O mineiro Odelmo Leão (PPB), cuja base eleitoral é Uberlândia, sede de uma grande fábrica da Souza Cruz, e Mendes Ribeiro (PMDB), gaúcho da região de plantadores de fumo, estão na linha de frente do esquema. Cortina de fumaça Argumento do lobby do cigarro: aprovado o projeto de Serra (Saúde), a Marlboro poderá fazer propaganda no Brasil por meio das transmissões dos grandes prêmios de F-1. Já a Souza Cruz, que fatura R$ 8 bilhões ao ano e paga R$ 5 bilhões de impostos, teria de anunciar lá fora para ser vista aqui dentro. Sem filtro Reação de Serra (Saúde) ao tomar conhecimento dos argumentos no Congresso contra o projeto que proíbe a propaganda do cigarro: "É brincadeira!" Ondas globais A Câmara vota na quarta -e deve aprovar- a emenda constitucional que abre 30% do capital das empresas de comunicação à participação estrangeira. FHC pilota a questão pessoalmente. Telefonou para os principais donos de TVs e chegou a um acordo com a família Marinho, que resistia ao projeto. Tela quente A pressa em aprovar a emenda que abre parcialmente as comunicações ao capital estrangeiro tem causa. O Planalto espera que a nova legislação abra caminho para resolver a crise na Rede TV!. A compra da ex-Manchete, feita com o aval das Comunicações, é acusada de ser inconstitucional e lesiva ao erário. Jogo de contas Inocêncio Oliveira (PFL-PE) fala em causa própria ao condenar a comissão especial da reforma política criada ontem. Candidato a presidente da Câmara, o pefelista teme desagradar os pequenos partidos, de cujos votos pode precisar para se eleger. Dois pra lá, dois pra cá Líderes de FHC, os tucanos Arthur Virgílio (AM) e Arnaldo Madeira (SP) não foram convidados para o jantar que reuniu PSDB e PMDB na casa de Temer. Pimenta da Veiga (Comunicações), que antes pregava a expulsão dos peemedebistas do governo, foi e elogiou a união. Selvageria Circulou esta semana na Uniban de São Bernardo, onde Vicentinho, ex-presidente da CUT e candidato a prefeito, estuda direito, um documento apócrifo e racista. Diz a peça: "Você quer saber a piada do ano? Querem que o negro Vicentinho seja prefeito. É mole ou quer mais?". Veneno a bordo Paulo Lima (PMDB-SP), que tem oito aviões, entrou anteontem no vôo 3525 da TAM, trecho Brasília-São Paulo, e viu José Genoino (PT) na primeira classe. "Então a burguesia trabalhista vai de primeira?", provocou. "Quem não tem avião é assim mesmo", devolveu o petista. Não me deixem só Rony Curvelo, um dos principais assessores de Fernando Collor (PRTB), não vai poder votar no ex-presidente, caso ele consiga mesmo disputar a prefeitura paulistana. Acabou esquecendo-se de transferir seu título de eleitor para São Paulo. Gente do porão A Câmara de SP prepara uma desratização para 23 de junho, dia seguinte ao feriado de Corpus Christi. "A medida é inóqua. Os verdadeiros ratos mostram-se imunes a qualquer veneno", diz Maurício Huertas, do movimento Vergonha Nunca Mais!. Visita à Folha José Arthur Giannotti, professor emérito da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) da USP e presidente do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), e Renato Janine Ribeiro, professor titular de ética e filosofia política da FFLCH, visitaram ontem a Folha, a convite do jornal, onde foram recebidos em almoço. TIROTEIO De Delfim Netto (PPB-SP), sobre a reforma política: - Não desconheço sua relativa importância, mas, vinda agora, cheira a oportunismo diversionista. A reforma fundamental era a tributária, abandonada. CONTRAPONTO Prato eleitoral O deputado Marcelo Déda (PT-SE) hesitou muito antes de aceitar ser o candidato do partido a prefeito de Aracaju. Não havia dia em que algum dirigente não cobrasse uma decisão. Déda tergiversava. No fim de maio, acabou aceitando. O PT marcou, então, uma entrevista para anunciar a candidatura. Terminada a conversa com os jornalistas, Déda saiu para almoçar com amigos. Prestimoso, o garçom entregou o cardápio e saiu. Déda distraiu-se na conversa e não escolheu o prato. O garçom voltou alguns minutos depois: - E aí, deputado, já decidiu? Déda, ainda no clima que antecedeu o lançamento de sua candidatura, respondeu: - Já decidi e vou entrar na campanha pra ganhar. E preciso de seu voto para ser prefeito... O garçom o interrompeu: - Não, deputado, perguntei se o sr. já decidiu o prato! Próximo Texto: Socorro a bancos: Justiça nega habeas corpus, e Cacciola permanece preso Índice |
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