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Dirceu diz que punirá deputados do "Grupo dos 30" que protestarem
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Casa Civil, José
Dirceu, avisou a coordenação da
bancada do PT na Câmara que
punirá, tirando cargos e verbas, os
deputados do chamado "Grupo
dos 30" que participarem dos
protestos do funcionalismo público nesta semana contra a reforma da Previdência. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva avaliza a
ameaça de punição.
Dirceu também negociará com
os moderados eventuais concessões na reforma para lhes dar a
paternidade da suavização da
proposta. Na semana passada,
houve reunião de membros das
principais tendências moderadas,
a Articulação e o Movimento PT,
para acertar ação conjunta contra
o "Grupo dos 30".
Esse grupo é formado por 28 deputados -dos 30, 2 saíram- da
esquerda petista que lançaram
manifesto atacando a política econômica e as reformas tributária e
previdenciária. Todas as tendências de membros desse grupo têm
cargos no governo.
Ressalvando que não fala pelo
governo, José Genoino, presidente do PT, tem restrição à presença
de membros do "Grupo dos 30"
nos protestos: "Politicamente é ruim e errado, porque é um ato
contra uma proposta do governo". Ele confirma que a Articulação, tendência majoritária no PT à qual pertence, assim como Dirceu e Lula, deseja "maior aproximação com o Movimento PT",
grupo formado por moderados e
membros da esquerda petista que
não hostilizam abertamente o governo. Juntas, Articulação e Movimento PT têm cerca de 50 dos 92
deputados federais do partido.
A Folha apurou que o ministro
da Casa Civil resolveu jogar duro
porque considera que agora as reformas entram na sua fase decisiva: passam às comissões especiais da Câmara, nas quais haverá discussão de conteúdo. É nessa fase que as propostas mais podem ser
modificadas. O governo planeja
manter os principais pontos dos
projetos que enviou, mas se mostra aberto a uma negociação com
os moderados do PT.
Uma concessão em estudo, como revelou a Folha na semana
passada, é criar uma regra de
transição para a aposentadoria
dos servidores. Pelo projeto de reforma da Previdência, o servidor
público, no caso dos homens, precisará ter idade mínima de 60
anos e 35 de contribuição para se
aposentar. Para as mulheres, a regra prevê 55 anos de idade mínima e 30 de contribuição.
Como as regras atuais estabelecem idade mínima de 53 anos para o homem e de 48 para a mulher, os moderados querem que o
governo crie regra de transição. A
medida agradaria o funcionalismo, um dos mais tradicionais setores da base social petista.
Ao se comprometer a dar aos
moderados a paternidade de
eventuais mudanças nas reformas, Dirceu quer dar um recado à
esquerda petista: ela será isolada
do centro do poder se continuar a
atacar o governo. Desde a semana
passada, emissários do ministro
da Casa Civil têm procurado
membros do "Grupo dos 30" para
levá-los a recuar.
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