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PREVIDÊNCIA
Mudança na reforma seria capitalizada por deputados fiéis à cúpula
Governo estuda concessão para ajudar petistas "leais"
Bruno Stuckert - 15.mai.2003/Folha Imagem
![](../images/n1006200301.jpg) |
O deputado federal Nelson Pellegrino, líder do PT na Câmara, que admite mudanças na proposta |
RANIER BRAGON
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal e o PT se articulam para promover a segunda
grande mudança no texto da reforma da Previdência que tramita
desde o final de abril no Congresso: o estabelecimento de uma regra de transição para a entrada em vigor da nova idade mínima
para a aposentadoria dos funcionários públicos, que passaria de
48 anos para 55, para as mulheres,
e de 53 para 60, para os homens.
A articulação do governo ainda
não chegou à definição dos detalhes de como será essa regra, mas
a escolha da paternidade da idéia
já está decidida. Será uma emenda apresentada pela bancada do
PT, que começou ontem a discutir as cerca de 160 propostas de
emenda à reforma sugeridas por
deputados federais do partido.
A alteração terá por objetivo dar
à bancada petista afinada com o
governo o bônus político de ter
proposto uma alteração defendida pelos servidores, importante
reduto eleitoral da legenda.
Pela legislação atual, os funcionários públicos que ingressaram
no serviço público até 1998 podem se aposentar com 48 anos, no
caso das mulheres, e 53 anos, no
caso dos homens. A proposta original apresentada pelo governo
eleva a idade mínima em sete
anos e prevê a aplicação de um redutor salarial de 5% ao ano (até o
máximo de 35%) para o caso de o
servidor decidir pela aposentadoria antes do tempo previsto.
"Na minha opinião, essa questão da transição é o ponto onde há
a maior convergência da bancada", disse ontem o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), um dos
responsáveis pela sistematização
das propostas.
Ele disse que as sugestões foram
divididas em seis grandes blocos:
1) cobrança de contribuição previdenciária dos inativos; 2) regra
de transição para a idade mínima;
3) forma do cálculo do benefício
pela média da contribuição; 4) redução das pensões a até 70% do
valor do benefício; 5) fundos de
Previdência complementar e 6)
outros assuntos.
"Se mudar gradativamente a
idade [mínima], vai atingir o objetivo do governo, apenas em um
tempo maior. Isso dá a possibilidade de formar um amplo acordo", disse o deputado Paulo Bernardo (PT-PR), um dos líderes do
grupo "governista".
As propostas estudadas até o
momento, na questão da idade
mínima, vão desde a redução do
percentual do redutor salarial até
o estabelecimento de um prazo
para a entrada em vigor da alteração. A intenção atual do governo é
fechar questão naquela que seja a
mais viável tecnicamente.
Debate
A reforma sofreu sua primeira
grande mudança na Comissão de
Constituição e Justiça da Câmara
-onde foi aprovada na semana
passada-, com o estabelecimento de três subtetos salariais para o
funcionalismo estadual. Amanhã
será instalada a comissão especial
que analisará a proposta antes da
votação em plenário.
Os blocos que englobam as propostas petistas seriam debatidos
ontem à noite pelos coordenadores da bancada de deputados. Eles
serão levados hoje ao ministro José Dirceu (Casa Civil) para obterem o parecer do governo. Começam hoje também as reuniões entre os petistas para definir quais
emendas serão defendidas pela
bancada.
"Concordo com o governo no
ponto de que o núcleo da proposta tem de ser aprovado. Mas sugestões que não mexam no núcleo e melhorem a reforma serão
apresentadas", afirmou o deputado Nelson Pellegrino (BA), líder
do PT na Câmara.
Pellegrino disse também que vai
defender a possibilidade da manutenção do salário integral para
funcionários que, por exemplo, tiverem trabalhado nos últimos 30
anos para o Estado, sendo os 15
últimos no mesmo cargo.
Colaborou FERNANDA KRAKOVICS, da
Agência Folha, em Brasília
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