UOL

São Paulo, terça-feira, 10 de junho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

GOVERNO

Em audiências com 7 ministros e 3 presidentes de banco, presidente decide distribuir kit escolar e incentivar agricultura familiar

Insatisfeito, Lula reúne ministros e cobra ação

GABRIELA ATHIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Insatisfeito com o ritmo lento do seu governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu implementar projetos e ações que, apesar de não serem muito caros, deverão ter grande visibilidade: distribuirá 500 mil kits escolares em cem municípios pobres do Brasil e lançará o Plano de Safra para a Agricultura Familiar.
Para sair do papel, ambos não dependem de uma melhora no cenário macroeconômico, marcado por juros altos (taxa de 26,5% ao ano) e ajuste fiscal rigoroso, que deixou os ministérios com poucos recursos para investir. No dia em que decidiu fazer um esforço adicional para implementar as propostas, Lula teve uma agenda atípica: despachou com sete ministros e três presidentes de bancos federais no Alvorada, já que seu gabinete no Planalto está em reformas.
Em conversas reservadas, o presidente tem demonstrado insatisfação quanto ao desempenho de alguns de seus ministros, especialmente os da área social.
Os únicos ministros a participarem de todas as reuniões -pelo menos três diferentes- foram Antonio Palocci Filho (Fazenda) e Guido Mantega (Planejamento). O fato de o titular da Fazenda acompanhar as audiências foi a forma achada por Lula para, mais uma vez, demonstrar o prestígio do homem-forte da economia.
Muitos ministros têm reclamado de que não conseguem executar projetos em razão da falta de dinheiro. Esse tipo de crítica tem endereço certo: Palocci Filho.
No entanto Palocci tem argumentado que seus colegas não conseguem gastar nem mesmo o dinheiro que já está disponível.
Para se ter idéia do que isso representa, em fevereiro, a equipe econômica anunciou um corte de 72% na verba dos ministérios. Dos 28% disponíveis, até abril, só haviam sido gastos 0,40% do total. Os dados são do Siafi (Sistema Informatizado de Acompanhamento de Gastos da União).
Os primeiros ministros recebidos ontem foram Roberto Rodrigues (Agricultura) e Miguel Rosseto (Desenvolvimento Agrário). Sempre na presença de Palocci, Lula praticamente bateu o martelo de que lançará o Plano de Safra para a Agricultura Familiar, no valor de R$ 5,4 bi, no dia 17.
Uma das ações é o seguro-safra, que vai funcionar como uma espécie de renda mínima para pequenos agricultores, no caso de terem prejuízo com a lavoura.
Na segunda reunião, além da dupla da equipe econômica, participaram Cristovam Buarque (Educação), Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) e Carlos Lessa (BNDES). O objetivo foi definir o que é preciso fazer para comprar e distribuir 500 mil kits escolares para cem municípios antes do início do segundo semestre letivo, que começa em agosto.
Os kits conterão tênis, meias, camisetas, short, bermuda e agasalho. A prefeita Marta Suplicy (PT-SP) já distribui uniformes para alunos da rede municipal.
Um dos problema do governo, no caso dos uniformes, é que a indústria nacional não tem condições de produzir todas as peças em tempo hábil. O BNDES vai abrir uma linha de crédito de R$ 1 bi para financiar a produção.
A terceira reunião do presidente foi com o ministro da Saúde, Humberto Costa. No fim deste mês, o governo decide a nova política de controle de preços de medicamentos. No final da tarde, chegaram no Alvorada os presidentes da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, e do Banco do Brasil, Cássio Casseb.


Colaboraram LUCIANA CONSTANTINO e KENNEDY ALENCAR


Texto Anterior: FBI recomenda à PF "criatividade e rapidez"
Próximo Texto: Caixa postal: Presidente recebeu 60 mil mensagens
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.