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GOVERNO
Em audiências com 7 ministros e 3 presidentes de banco, presidente decide distribuir kit escolar e incentivar agricultura familiar
Insatisfeito, Lula reúne ministros e cobra ação
GABRIELA ATHIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Insatisfeito com o ritmo lento
do seu governo, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva decidiu implementar projetos e ações que,
apesar de não serem muito caros,
deverão ter grande visibilidade:
distribuirá 500 mil kits escolares
em cem municípios pobres do
Brasil e lançará o Plano de Safra
para a Agricultura Familiar.
Para sair do papel, ambos não
dependem de uma melhora no
cenário macroeconômico, marcado por juros altos (taxa de
26,5% ao ano) e ajuste fiscal rigoroso, que deixou os ministérios
com poucos recursos para investir. No dia em que decidiu fazer
um esforço adicional para implementar as propostas, Lula teve
uma agenda atípica: despachou
com sete ministros e três presidentes de bancos federais no Alvorada, já que seu gabinete no
Planalto está em reformas.
Em conversas reservadas, o presidente tem demonstrado insatisfação quanto ao desempenho de
alguns de seus ministros, especialmente os da área social.
Os únicos ministros a participarem de todas as reuniões -pelo
menos três diferentes- foram
Antonio Palocci Filho (Fazenda) e
Guido Mantega (Planejamento).
O fato de o titular da Fazenda
acompanhar as audiências foi a
forma achada por Lula para, mais
uma vez, demonstrar o prestígio
do homem-forte da economia.
Muitos ministros têm reclamado de que não conseguem executar projetos em razão da falta de
dinheiro. Esse tipo de crítica tem
endereço certo: Palocci Filho.
No entanto Palocci tem argumentado que seus colegas não
conseguem gastar nem mesmo o
dinheiro que já está disponível.
Para se ter idéia do que isso representa, em fevereiro, a equipe
econômica anunciou um corte de
72% na verba dos ministérios.
Dos 28% disponíveis, até abril, só
haviam sido gastos 0,40% do total. Os dados são do Siafi (Sistema
Informatizado de Acompanhamento de Gastos da União).
Os primeiros ministros recebidos ontem foram Roberto Rodrigues (Agricultura) e Miguel Rosseto (Desenvolvimento Agrário).
Sempre na presença de Palocci,
Lula praticamente bateu o martelo de que lançará o Plano de Safra
para a Agricultura Familiar, no
valor de R$ 5,4 bi, no dia 17.
Uma das ações é o seguro-safra,
que vai funcionar como uma espécie de renda mínima para pequenos agricultores, no caso de
terem prejuízo com a lavoura.
Na segunda reunião, além da
dupla da equipe econômica, participaram Cristovam Buarque
(Educação), Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) e Carlos
Lessa (BNDES). O objetivo foi definir o que é preciso fazer para
comprar e distribuir 500 mil kits
escolares para cem municípios
antes do início do segundo semestre letivo, que começa em agosto.
Os kits conterão tênis, meias,
camisetas, short, bermuda e agasalho. A prefeita Marta Suplicy
(PT-SP) já distribui uniformes
para alunos da rede municipal.
Um dos problema do governo,
no caso dos uniformes, é que a indústria nacional não tem condições de produzir todas as peças
em tempo hábil. O BNDES vai
abrir uma linha de crédito de R$ 1
bi para financiar a produção.
A terceira reunião do presidente
foi com o ministro da Saúde,
Humberto Costa. No fim deste
mês, o governo decide a nova política de controle de preços de medicamentos. No final da tarde,
chegaram no Alvorada os presidentes da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, e do Banco do
Brasil, Cássio Casseb.
Colaboraram LUCIANA CONSTANTINO
e KENNEDY ALENCAR
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