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NO AR
O ibope de Hillary
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
Enquanto George W.
Bush passa do ataque à
defesa, nas justificativas para a
invasão do Iraque, os democratas têm sua primeira vitória em
muito tempo.
Uma vitória de audiência, como é próprio.
Hillary Clinton, mulher do ex-presidente Bill Clinton e pré-candidata a presidente, deu entrevista à ABC e teria sido vista
por 14 milhões, três vezes o que a
rede alcança no horário.
É claro que muito se deve a
Monica Lewinsky, a declarações
de Hillary, por exemplo, sobre
sua reação quando o marido
confirmou o caso:
- Fiquei furiosa. Não conseguia imaginar como ele poderia
ter feito aquilo comigo... Mas ele
ficou falando de novo e de novo,
você sabe, "me desculpe, me desculpe, me desculpe".
Não é, certamente, a luz no
fim do túnel, para o império
neoconservador nos EUA, mas
um sucesso de audiência já é alguma coisa.
O secretário de Segurança do
Rio deu depoimento de três horas sobre o secretário que teria
pedido à polícia para diminuir
a repressão ao tráfico no Morro
da Mangueira.
"Três horas", na contagem do
Jornal Nacional, não é pouco
tempo de "depoimento". Ele
passou a responsabilidade pelo
afastamento do coronel que fez
a denúncia ao comandante da
Polícia Militar.
E depois apelou à saída de
sempre para mudar de assunto.
Atacou o governo Lula por ter
poucos presídios federais e disse
que o narcotráfico é problema
da União, não dele.
De Fortaleza, segundo a Jovem Pan, o vice voltou a criticar
a equipe econômica, "criando
mais constrangimento para o
presidente".
Mas Lula estava com a cabeça
em outros assuntos. E a cobertura também, como ocorreu antes
com os "radicais".
O presidente estava com o ministro Luiz Furlan, estrela ascendente, empresário como o vice, mas menos espalhafatoso.
Quando fala, o que é raro, é para dar notícias "positivas". Por
exemplo, na Globo News, após
anunciar previsões favoráveis
nas exportações:
- Vamos trabalhar para que
as exportações cresçam nos próximos anos no mínimo a duplo
dígito. Vocês podem esperar números positivos em cada um dos
próximos quatro anos.
Ele até fala do câmbio, tema
"negativo". Diz que logo o dólar
"real" deve baixar ao mesmo
valor do ano passado, o que estimula importações.
Mas não reclama. Promete
"criatividade" para elevar mais
ainda as exportações.
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