CARLOS EDUARDO ALVES
da Reportagem Local


A prioridade do comando político da campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva é conseguir o apoio da maioria do PMDB cearense.
Depois de obter a adesão do senador Roberto Requião (PMDB-PR), Lula vai investir no grupo ligado ao deputado Paes de Andrade no Ceará. A avaliação é que Requião abriu as portas para a cooptação dos peemedebistas que não querem subir ao palanque de Fernando Henrique Cardoso.
Requião será a atração da convenção petista de hoje, que vai oficializar para a Justiça Eleitoral a chapa Lula e Leonel Brizola (PDT), candidato a vice-presidente da República.
Paes é o presidente nacional do PMDB e é hostilizado pela ala palaciana do partido. O deputado federal Gonzaga Mota, possível candidato do PMDB ao governo cearense, também será procurado pelos articuladores petistas, embora o seu aval a Lula seja considerado mais difícil.
Nas últimas pesquisas eleitorais, Lula cresceu nos Estados do Nordeste. Mas a cúpula petista teme que a subida não se sustente caso não sejam construídos palanques sólidos nos Estados.
Em 94, a débâcle eleitoral do petista ocorreu principalmente no Nordeste. Na ocasião, Lula responsabilizou a fragilidade de candidaturas estaduais pelo desastre.
Na atual campanha, Lula é apoiado por candidatos com razoáveis chances nas disputas estaduais no Nordeste. São os casos, por exemplo, de Miguel Arraes (PSB-PE), Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) e Ronaldo Lessa (PSB-AL).
Nos cálculos do petismo, a adesão do grupo de Paes no Ceará asseguraria um bom desempenho na região, já que na Bahia, embora o PT não disponha de um candidato forte, Lula costuma ser bem votado.

Convenção
A convenção de hoje é apenas homologatória da chapa presidencial. Para o PT o que vale é o encontro (convenção) realizado no final do mês passado, quando foram discutidas as teses polêmicas do programa de governo de Lula e as questões regionais.
Lula vai receber Requião, Brizola e Lessa e depois vai assistir ao jogo de estréia do Brasil na Copa do Mundo, contra a Escócia.
O dia, na sede petista, servirá também para uma reunião entre representantes da "Casa de Cinema de Porto Alegre" e o coordenador de comunicação da campanha de Lula, Ozéas Duarte.
Os cineastas gaúchos foram convidados a integrar o grupo que vai produzir o programa de TV de Lula no horário eleitoral gratuito.
Ontem, Duarte não conseguiu fechar a negociação com as agências Toni Cotrim e PG, que estão organizando um "pool" para tocar a campanha na TV.
Duarte alegou que o trabalho para organizar a convenção impediu que o acordo fosse concretizado, mas não acredita em problemas com as duas agências.
Apesar do prometido esforço da direção para que as decisões de campanha não se submetessem à conhecida lentidão petista para bater o martelo, a formação do grupo da TV de Lula está virando uma novela.
Dirigentes petistas e o próprio Lula estão se reunindo com profissionais da área há mais de dois meses, mas até agora não houve definição.



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