São Paulo, quinta, 10 de julho de 1997.



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DNER DE MINAS
Governador atribui comportamento a atuação de ministro da Articulação Política do presidente
Azeredo diz que FHC troca 'voto' por 'favor'

PAULO PEIXOTO
da Agência Folha, em Belo Horizonte

O governador de Minas Gerais, Eduardo Azeredo (PSDB), abandonou de vez a sua costumeira discrição e atacou o governo do presidente FHC, acusando-o de trocar "alguns votos" por "favores".
Azeredo e o PSDB mineiro reagiram duramente ao fato de FHC ter concordado com a troca da representação do DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem) em Minas, nomeando para o cargo um aliado do ex-governador mineiro e prefeito de Contagem, Newton Cardoso (PMDB), ferrenho adversário dos tucanos.
Azeredo disse que esse episódio não vai mudar o voto dos tucanos mineiros em relação às votações de interesse do Palácio do Planalto no Congresso, senão o PSDB mineiro estaria agindo da mesma forma que o governo federal.
Posição altaneira
"Minas tem uma posição altaneira. Não defendo posição de represália do ponto de vista parlamentar, até porque estou exatamente criticando esse posicionamento de buscar alguns votos através da troca de favores, que não é o caminho", disse.
Azeredo afirmou que esse episódio foi "mal conduzido" e atribuiu o problema a "algumas companhias que o presidente tem lá (no Palácio do Planalto) e que ele (FHC) não tem muita felicidade em tê-las ao seu lado".
Sem citar nomes, disse: "Dá para perceber quem está criando essa 'problemada' toda, principalmente na área política".
Azeredo se referia ao ministro da Articulação Política, Luiz Carlos Santos (PMDB), conforme apurou a Agência Folha.
É atribuído a Santos o atropelo na nomeação de Flávio Góes Menicucci para o DNER em Minas, retirando do cargo Almir Calmon de Andrade, que, embora indicado pelo ex-diretor-geral do DNER e atualmente prefeito de Juiz de Fora, Tarcísio Delgado (PMDB), tinha a aprovação de Azeredo por considerá-lo competente.
Mas não foi a mudança no cargo que deixou os tucanos de Minas revoltados, e sim a forma como a substituição foi feita.
"Desde que isso fosse conversado, não haveria problema. Agora, goela abaixo, de jeito nenhum", disse o deputado federal Ademir Lucas (PSDB-MG).
Planalto
O porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, disse ontem que a troca da diretoria do DNER em Minas "foi uma decisão do ministro dos Transportes, Eliseu Padilha".
Segundo o porta-voz, a escolha levou em conta "um certo equilíbrio em relação a alguns cargos em relação aos partidos".
Amaral afirmou desconhecer o descontentamento do PSDB mineiro.



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