São Paulo, terça-feira, 10 de julho de 2001

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SUCESSÃO NO ESCURO

Pepebistas gaúchos preferem Pratini de Moraes; paulistas querem Delfim Netto, que não foi ao evento

Dividido, PPB lança dois nomes ao Planalto

FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL

Dividido, o PPB lançou ontem duas candidaturas à Presidência. Enquanto a seção gaúcha apresentou o nome do ministro da Agricultura, Pratini de Moraes, os paulistas fizeram festa para o deputado Delfim Netto -sem a presença do homenageado.
Delfim mandou divulgar que não poderia comparecer ao evento porque teria sido convidado pela Universidade de Cambridge (Inglaterra) para dar uma palestra para pós-graduandos. Na verdade, o deputado, que resiste à idéia de ser candidato, refugiou-se em seu sítio no interior de São Paulo.
Mesmo assim, ele foi saudado como candidato ao Planalto por quase todas as autoridades presentes ao evento, na nova sede do PPB em São Paulo.
Foi chamado de "homem de extrema competência" pelo presidente do PPB-SP, Jesse Ribeiro, de "estadista elogiado até pela esquerda" pelo vice-governador do DF, Benedito Domingos, e de "a salvação deste país" pelo deputado federal Severino Cavalcanti (PE). Uma faixa dizia: "Eu era feliz e não sabia. Delfim presidente, Maluf governador".
O único a adotar uma atitude cautelosa quanto à candidatura de Delfim foi justamente Maluf.
Segundo ele, o ex-ministro é um dos nomes do partido para a Presidência da República. Outros, segundo Maluf, seriam ele próprio, o ministro Pratini, a prefeita de Florianópolis, Ângela Amin, e seu marido, o governador catarinense, Esperidião Amin.
"A decisão será tomada pelo partido em convenção em agosto. Felizmente, temos muitos nomes com capacidade para governar o Brasil", disse Maluf.
Apesar do discurso, há setores do partido que ainda trabalham com a possibilidade de haver a reedição da aliança que hoje sustenta o governo federal.
O governador Amin e os dois ministros do partido (Pratini e Francisco Dornelles, do Trabalho) estão entre os que consideram o lançamento da candidatura própria mais como forma de cacifar o PPB em futuras negociações.
Para os governistas, a divulgação de pré-candidaturas ao Planalto funciona também como uma "carta na manga" para o partido. Sair sozinho seria o "plano B", caso a popularidade do presidente Fernando Henrique Cardoso não se recupere um pouco até o primeiro semestre de 2002.
Quanto à sua possível candidatura para governador, Maluf demonstrou entusiasmo. "Se vocês me quiserem, eu dou um boi para não entrar [na eleição] e uma boiada para não sair."
Fazendo discurso de campanha, Maluf concentrou no governador Geraldo Alckmin (PSDB) a maior parte de suas críticas.
Atacou a falta de segurança, a ausência de investimento na área energética e o aumento do número de pedágios.
A candidatura de Delfim Netto, para se viabilizar, terá também de superar a resistência do PPB gaúcho, que está articulando com as seções do partido no Paraná e em Santa Catarina o lançamento de Pratini de Moraes.
Os pepebistas gaúchos acreditam que o fato de ser ministro pela sexta vez - ele exerceu o cargo no regime militar, no governo Collor e na atual gestão -credencia Pratini de Moraes a postular a indicação.
Para o presidente do PPB-RS, Celso Bernardi, Delfim "fez questão de se esconder" no lançamento do seu nome, sinalizando que não deseja participar da disputa.


Colaborou a Agência Folha, em Porto Alegre


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