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SUCESSÃO NO ESCURO
Pepebistas gaúchos preferem Pratini de Moraes; paulistas querem Delfim Netto, que não foi ao evento
Dividido, PPB lança dois nomes ao Planalto
FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL
Dividido, o PPB lançou ontem
duas candidaturas à Presidência.
Enquanto a seção gaúcha apresentou o nome do ministro da
Agricultura, Pratini de Moraes, os
paulistas fizeram festa para o deputado Delfim Netto -sem a
presença do homenageado.
Delfim mandou divulgar que
não poderia comparecer ao evento porque teria sido convidado
pela Universidade de Cambridge
(Inglaterra) para dar uma palestra
para pós-graduandos. Na verdade, o deputado, que resiste à idéia
de ser candidato, refugiou-se em
seu sítio no interior de São Paulo.
Mesmo assim, ele foi saudado
como candidato ao Planalto por
quase todas as autoridades presentes ao evento, na nova sede do
PPB em São Paulo.
Foi chamado de "homem de extrema competência" pelo presidente do PPB-SP, Jesse Ribeiro,
de "estadista elogiado até pela esquerda" pelo vice-governador do
DF, Benedito Domingos, e de "a
salvação deste país" pelo deputado federal Severino Cavalcanti
(PE). Uma faixa dizia: "Eu era feliz
e não sabia. Delfim presidente,
Maluf governador".
O único a adotar uma atitude
cautelosa quanto à candidatura
de Delfim foi justamente Maluf.
Segundo ele, o ex-ministro é um
dos nomes do partido para a Presidência da República. Outros, segundo Maluf, seriam ele próprio,
o ministro Pratini, a prefeita de
Florianópolis, Ângela Amin, e seu
marido, o governador catarinense, Esperidião Amin.
"A decisão será tomada pelo
partido em convenção em agosto.
Felizmente, temos muitos nomes
com capacidade para governar o
Brasil", disse Maluf.
Apesar do discurso, há setores
do partido que ainda trabalham
com a possibilidade de haver a
reedição da aliança que hoje sustenta o governo federal.
O governador Amin e os dois
ministros do partido (Pratini e
Francisco Dornelles, do Trabalho) estão entre os que consideram o lançamento da candidatura
própria mais como forma de cacifar o PPB em futuras negociações.
Para os governistas, a divulgação de pré-candidaturas ao Planalto funciona também como
uma "carta na manga" para o partido. Sair sozinho seria o "plano
B", caso a popularidade do presidente Fernando Henrique Cardoso não se recupere um pouco até o
primeiro semestre de 2002.
Quanto à sua possível candidatura para governador, Maluf demonstrou entusiasmo. "Se vocês
me quiserem, eu dou um boi para
não entrar [na eleição] e uma
boiada para não sair."
Fazendo discurso de campanha,
Maluf concentrou no governador
Geraldo Alckmin (PSDB) a maior
parte de suas críticas.
Atacou a falta de segurança, a
ausência de investimento na área
energética e o aumento do número de pedágios.
A candidatura de Delfim Netto,
para se viabilizar, terá também de
superar a resistência do PPB gaúcho, que está articulando com as
seções do partido no Paraná e em
Santa Catarina o lançamento de
Pratini de Moraes.
Os pepebistas gaúchos acreditam que o fato de ser ministro pela sexta vez - ele exerceu o cargo
no regime militar, no governo
Collor e na atual gestão -credencia Pratini de Moraes a postular a
indicação.
Para o presidente do PPB-RS,
Celso Bernardi, Delfim "fez questão de se esconder" no lançamento do seu nome, sinalizando que
não deseja participar da disputa.
Colaborou a Agência Folha, em Porto
Alegre
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