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Situação da infância mostra miséria
DA SUCURSAL DO RIO
A miséria brasileira é ainda
mais visível quando se analisa
apenas a situação da infância.
Segundo o estudo da Fundação
Getúlio Vargas divulgado ontem,
a porcentagem de miseráveis na
população com menos de 16 anos
de idade no Brasil é de 46%, quase
17 pontos percentuais acima da
taxa de toda a população, que é de
29,3%. Um pouco menos da metade (45%) da população indigente no Brasil é composta de brasileiros com menos de 16 anos. Segundo o economista Marcelo Neri, uma das explicações para o fato
é que as famílias mais pobres costumam ter mais filhos.
"Famílias pobres são, em geral,
famílias grandes", disse.
Para Neri, um dos maiores desafios de qualquer política de
combate à miséria no Brasil é fazer com que os recursos cheguem
às crianças.
Para o economista, os programas de bolsa-escola, que condicionam uma ajuda mensal em dinheiro à permanência da criança
em sala de aula, são mais eficazes
no combate à pobreza do que o
aumento do salário mínimo, pois
garantem recursos que beneficiam diretamente a população
com menos de 16 anos.
"Nas democracias, o sistema
eleitoral diz que cada adulto representa um voto, e não cada pessoa um voto. Talvez por isso fale-se mais em aumento do salário
mínimo para acabar com a miséria do que em bolsa-escola. O
cumprimento das metas de redução de miséria passa por intensificar as ações voltadas aos sem-voto", disse Neri.
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