São Paulo, terça-feira, 10 de julho de 2001

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Situação da infância mostra miséria

DA SUCURSAL DO RIO

A miséria brasileira é ainda mais visível quando se analisa apenas a situação da infância.
Segundo o estudo da Fundação Getúlio Vargas divulgado ontem, a porcentagem de miseráveis na população com menos de 16 anos de idade no Brasil é de 46%, quase 17 pontos percentuais acima da taxa de toda a população, que é de 29,3%. Um pouco menos da metade (45%) da população indigente no Brasil é composta de brasileiros com menos de 16 anos. Segundo o economista Marcelo Neri, uma das explicações para o fato é que as famílias mais pobres costumam ter mais filhos.
"Famílias pobres são, em geral, famílias grandes", disse.
Para Neri, um dos maiores desafios de qualquer política de combate à miséria no Brasil é fazer com que os recursos cheguem às crianças.
Para o economista, os programas de bolsa-escola, que condicionam uma ajuda mensal em dinheiro à permanência da criança em sala de aula, são mais eficazes no combate à pobreza do que o aumento do salário mínimo, pois garantem recursos que beneficiam diretamente a população com menos de 16 anos.
"Nas democracias, o sistema eleitoral diz que cada adulto representa um voto, e não cada pessoa um voto. Talvez por isso fale-se mais em aumento do salário mínimo para acabar com a miséria do que em bolsa-escola. O cumprimento das metas de redução de miséria passa por intensificar as ações voltadas aos sem-voto", disse Neri.



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