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Estudo da FGV sugere adoção de metas sociais
DA SUCURSAL DO RIO
O estudo da Fundação Getúlio
Vargas sugere que o Brasil adote
metas sociais de combate à pobreza, a exemplo do que faz com as
metas de inflação.
"A política de combate à inflação tem sido bem sucedida, em
parte pela fixação de metas inflacionárias a serem atingidas. Se o
Banco Central é capaz de estipular
metas para a inflação, não seria
tão complicado para os governos
adotar metas sociais", diz o economista Marcelo Neri.
Neri afirma que as metas sociais
seriam uma maneira de estimular
os governos e a sociedade a se
comprometerem com a redução
da pobreza, assim como é feito
com a inflação e como está sendo
feito, mais recentemente, com a
economia de energia elétrica.
Para ele, a maneira mais simples
de acompanhar o cumprimento
das metas é comparar a evolução
da porcentagem de indigentes.
Ao apresentar o estudo, Neri
defendeu a eficácia de políticas de
distribuição de renda, como o
programa Bolsa-Escola, ou subsídios para pequenos produtores
rurais e trabalhadores informais.
"Falta foco nas políticas de combate à miséria. Aumentar o salário
mínimo, por exemplo, ajuda a diminuir a taxa de indigência, mas
não é um método tão eficaz quanto um programa de renda-mínima para distribuir recursos, já
que o reajuste do mínimo acaba
aumentando o salário de quem já
tem alguma renda", explica Neri.
A ampliação de programas de
microcrédito para pequenos produtores rurais ou para trabalhadores informais é outra forma eficaz de destinar os recursos de
combate à miséria aos que mais
necessitam deles, segundo Neri.
O economista da FGV cita como justificativa para essa afirmação o fato de o estudo da FGV demonstrar que 56% dos indigentes
vivem em famílias chefiadas por
trabalhadores informais.
Segundo Neri, uma das dificuldades de se combater a alta concentração de renda no Brasil é alterar mecanismos já constituídos
de distribuição desigual de recursos públicos. Ele cita que, do total
de recursos da previdência social,
48% vão para os 10% beneficiários mais ricos.
"O reajuste diferenciado dos benefícios previdenciários é uma estratégia eficaz de diminuir a concentração no setor, com um aumento maior para quem está no
piso, em vez do reajuste de todos
os aposentados com o mesmo
percentual", defende.
Ele disse que quem tem renda
mensal per capita familiar de mais
de R$ 1.100 já faz parte dos 10%
mais ricos do Brasil.
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