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RUMO ÀS ELEIÇÕES
No 8º aniversário do real, presidente diz que conquistas de seu governo tornaram desiguldade "intolerável"
FHC ironiza discurso do "crescimento fácil"
LEILA SUWWAN
ENVIADA AO RIO
Na primeira semana oficial de
campanha eleitoral, o presidente
Fernando Henrique Cardoso
mandou ontem um recado aos
candidatos que prometem uma
fácil retomada do crescimento
econômico do país.
"Não se faz da noite para o dia.
Não pode ser feito sem olhar o
conjunto, porque é fácil aumentar
a taxa de crescimento, baixar a taxa de juros e produzir a inflação.
No ano seguinte, paga o preço e
recua", disse, em discurso sobre a
estabilidade conquistada pelo seu
governo durante a comemoração
do 182º aniversário da Associação
Comercial do Rio de Janeiro.
Reforçando a tese tucana de que
ainda há muito a fazer, FHC defendeu a continuação de sua linha
econômica. "É preciso continuar
os controles no orçamento, com
um regime fiscal que seja competente e um regime monetário que
seja compatível com o país atual."
Ele não fez referências diretas a
nenhum candidato, mas indicou
que, "seja quem for", seu sucessor
levará adiante um trabalho "com
dificuldade". Para FHC, não bastará que o próximo presidente tenha vontade política para que o
país fique imune às turbulências
econômicas.
"Falta muito para que nós possamos ter segurança [econômica], para que possamos ter efetivamente menos vulnerabilidade."
FHC voltou a negar que tenha
priorizado a economia acima dos
programas sociais. Segundo ele,
foi a estabilidade promovida pela
nova moeda que transformou a
desigualdade de renda em algo
inaceitável. "Vivemos no dia-a-dia como se a desigualdade fosse
descoberta agora. O que acontece
é que, sem inflação, com mais democracia e liberdade, a desigualdade passou a ser intolerável."
"Falta muito. E falta aquilo que
parece quase inatingível: uma situação de maior segurança", disse, aglomerando a crise da segurança pública e a falta de segurança econômica do país.
O presidente também se defendeu por não ter executado as reformas política e fiscal em seus
mandatos. Ele disse que tentou,
"quase que no isolamento do Planalto", uma reforma tributária
"sonhada pelos empresários" na
semana passada. "Há interesses
legítimos que se opõem."
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