São Paulo, quarta-feira, 10 de julho de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

No 8º aniversário do real, presidente diz que conquistas de seu governo tornaram desiguldade "intolerável"

FHC ironiza discurso do "crescimento fácil"

LEILA SUWWAN
ENVIADA AO RIO

Na primeira semana oficial de campanha eleitoral, o presidente Fernando Henrique Cardoso mandou ontem um recado aos candidatos que prometem uma fácil retomada do crescimento econômico do país.
"Não se faz da noite para o dia. Não pode ser feito sem olhar o conjunto, porque é fácil aumentar a taxa de crescimento, baixar a taxa de juros e produzir a inflação. No ano seguinte, paga o preço e recua", disse, em discurso sobre a estabilidade conquistada pelo seu governo durante a comemoração do 182º aniversário da Associação Comercial do Rio de Janeiro.
Reforçando a tese tucana de que ainda há muito a fazer, FHC defendeu a continuação de sua linha econômica. "É preciso continuar os controles no orçamento, com um regime fiscal que seja competente e um regime monetário que seja compatível com o país atual."
Ele não fez referências diretas a nenhum candidato, mas indicou que, "seja quem for", seu sucessor levará adiante um trabalho "com dificuldade". Para FHC, não bastará que o próximo presidente tenha vontade política para que o país fique imune às turbulências econômicas.
"Falta muito para que nós possamos ter segurança [econômica], para que possamos ter efetivamente menos vulnerabilidade."
FHC voltou a negar que tenha priorizado a economia acima dos programas sociais. Segundo ele, foi a estabilidade promovida pela nova moeda que transformou a desigualdade de renda em algo inaceitável. "Vivemos no dia-a-dia como se a desigualdade fosse descoberta agora. O que acontece é que, sem inflação, com mais democracia e liberdade, a desigualdade passou a ser intolerável."
"Falta muito. E falta aquilo que parece quase inatingível: uma situação de maior segurança", disse, aglomerando a crise da segurança pública e a falta de segurança econômica do país.
O presidente também se defendeu por não ter executado as reformas política e fiscal em seus mandatos. Ele disse que tentou, "quase que no isolamento do Planalto", uma reforma tributária "sonhada pelos empresários" na semana passada. "Há interesses legítimos que se opõem."


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