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REFORMA
Nova proposta garante aposentadoria integral de servidor e muda pensões
Governo cede e cria projeto paralelo para a Previdência
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O acordo que o governo costura
para tornar a reforma da Previdência mais palatável aos setores
que a criticam -principalmente
o Judiciário- permitirá a aposentadoria integral para atuais e
futuros servidores, garantirá o direito à paridade de reajuste salarial e ainda estabelecerá uma nova
fórmula para calcular pensões.
O governo vende a idéia de que
não haverá prejuízos com a alternativa. Nos cálculos do Ministério
da Previdência, o novo desenho
da reforma terá efeito fiscal semelhante ao da proposta inicial.
Os primeiros números apontavam para uma economia de R$
16,49 bilhões entre 2004 e 2010. A
nova projeção é de R$ 17,23 bilhões. Entre 2011 e 2020, a redução
de despesas estimada era de R$
29,91 bilhões. Caiu para R$ 29,87
bilhões. Ou seja, não haveria alterações substanciais.
A idéia do acordo é oferecer um
cardápio alternativo de regras para a aposentadoria, sem praticamente mexer nas medidas previstas na PEC 40 (Proposta de Emenda Constitucional da Previdência). O teor das novas propostas
atende principalmente aos interesses do Judiciário, que pressionou o governo por mudanças na
reforma. Por outro lado, centrais sindicais, como a CUT, criticaram a
possibilidade de alterações.
Se o acordo articulado pelo governo federal passar, as propostas
serão emendadas à PEC 40.
Pelo acordo, o fim da aposentadoria equivalente ao último salário, proposto na PEC 40, continuará valendo. Mas, para servidores que quiserem manter a integralidade dos vencimentos, haverá um caminho alternativo, com
regras diferenciadas para atuais e
futuros funcionários públicos.
Os atuais servidores precisarão
atingir a idade mínima de 60 anos
(homem) e 55 anos (mulher) e
ainda cumprir um tempo mínimo de 20 anos na carreira para assegurar a integralidade na aposentadoria. Se não aceitar essa regra, o funcionário poderá cumprir o que está previsto na PEC 40
(veja quadro nesta página).
Futuros servidores
Para os futuros servidores, a
proposta alternativa estabelece
como idade mínima 65 anos (homem) e 60 anos (mulher), além de
25 anos na carreira, para permitir
a aposentadoria integral.
Esses funcionários obrigatoriamente estarão sujeitos a um teto
de aposentadoria de R$ 2.400, como prevê o texto original da PEC.
Para complementar o benefício,
poderão participar de fundos de
pensão patrocinados pelo Estado.
Isso, porém, não garante a aposentadoria igual ao último salário.
A parcela que faltar para chegar
ao valor do último vencimento será aportada pelo governo, mas somente nos casos em que o servidor cumprir os requisitos para a
ter direito à integralidade.
Pensões
No caso das pensões, o texto da
PEC será alterado. Em vez de limitar as novas pensões a 70% do valor do salário ou benefício, o governo federal pretende manter o
pagamento integral até o limite de
R$ 2.400, criando um desconto de
50% sobre a parcela que exceder
essa faixa de renda.
Pelo novo cálculo, a viúva de
um funcionário público que recebia R$ 3.000 terá direito a um benefício de R$ 2.700. Os R$ 2.400
serão preservados integralmente.
Sobre a parcela de R$ 600 que ultrapassa o limite, haverá o desconto de 50% -R$ 300.
Esse cálculo não inclui a cobrança de contribuição previdenciária, que incidirá tanto sobre
aposentadorias quanto pensões.
Paridade
A "reforma paralela" ainda dará
a quem se aposentar depois da reforma o direito de optar se quer
ou não manter a paridade de reajuste entre salário da ativa e aposentadoria. A PEC 40 acaba com a
paridade para futuros aposentados. A correção dos benefícios
passará a ser feita pelos índices
que medem a inflação.
No acordo em andamento, o
servidor escolherá, no ato da aposentadoria, se prefere a variação
da inflação ou a paridade de reajuste. Uma vez feita a escolha, ele
não poderá alterar o modelo de
correção. Para categorias com
maior poder de pressão, a paridade é a melhor alternativa.
O principal elemento da nova
proposta é elevar a idade mínima
para a aposentadoria. Segundo
técnicos da Previdência, essa é a
medida que mais gera impacto
em termos previdenciários.
Isso porque cada ano de elevação da idade pode ser contabilizado em dobro: é um ano a mais de
contribuição e um ano a menos
de pagamento do benefício.
Essa é a principal razão para que
as projeções de economia com a
reforma tenham se mantido equivalentes, apesar das mudanças
previstas no acordo, segundo afirma o governo federal.
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