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Governadores divulgam documento para reafirmar pedido de alterações na reforma tributária já rejeitas pelo Planalto
Estados apelam ao Congresso por apoio
THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Os governadores divulgaram
ontem um documento para mostrar que não abrem mão de alterações no projeto de reforma tributária rejeitadas pelo Palácio do
Planalto -e estão dispostos a obtê-las no Congresso. "Acreditamos que teremos o apoio do Congresso Nacional, legítimo fórum
para aprimoramento e fortalecimento do processo democrático e
das propostas [de reformas] apresentadas", diz o texto.
A carta foi elaborada pelo grupo
de cinco governadores que representam as regiões do país (Sul, Sudeste, Nordeste, Centro-Oeste e
Norte), que se reuniram ontem
em Belo Horizonte.
Entre as reivindicações principais, o grupo insiste em incluir na
reforma a possibilidade de os Estados gastarem livremente 20%
de seus recursos orçamentários.
Queda-de-braço
A desvinculação das receitas orçamentárias vem gerando uma
queda-de-braço entre Estados e o
governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os governadores
reivindicam que os Estados tenham um mecanismo semelhante à DRU (Desvinculação da Receita da União), que permite ao
governo federal o não-cumprimento de gastos obrigatórios determinados pela Constituição, como em saúde e educação.
A DRE (Desvinculação de Receitas dos Estados), medida que
permitiria aliviar o caixa dos Estados, foi acertada no último encontro entre governadores e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no
último dia 30. No entanto, sofreu
imediata oposição de parlamentares e de setores da área social.
Isso levou o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Arno Augustin Filho, a declarar:
"Politicamente se tornou inviável
a DRE [Desvinculação das Receitas dos Estados]. Temos que procurar uma outra coisa". Na sequência, o relator da reforma tributária, deputado federal Virgílio
Guimarães (PT-MG), descartou
oficialmente a possibilidade de
incluir essa proposta em seu parecer final.
Compromisso
A saída encontrada pelos cinco
governadores foi reiterar, em um
documento divulgado após a reunião, "o compromisso de que não
haverá redução de investimentos
em políticas sociais" com a adoção da DRE. "Ao contrário, [a
DRE] dá maior flexibilidade na
execução orçamentária, podendo
inclusive aumentar investimentos
em áreas sociais", afirmou o governador de Minas Gerais, Aécio
Neves (PSDB).
Os Estados reivindicam ainda a
transferência, a partir de 2004, de
25% dos recursos arrecadados pela União com a Cide (Contribuição sobre Intervenção no Domínio Econômico), para investimentos em infra-estrutura, além
de 0,08% das receitas da CPMF
(Contribuição Provisória sobre
Movimentação Financeira), que
passaria a ser permanente a partir
do próximo ano e teria alíquotas
de 0,18% a 0,38%, sendo 0,02%
para os municípios.
O ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) já rejeitou publicamente esses pleitos.
O grupo de governadores deverá se reunir em breve -a data
ainda não foi definida- com o
ministro da Fazenda para discussão das propostas.
Pasep
Os governadores também defenderam a garantia de que o Pasep (Programa de Formação do
Patrimônio do Servidor Público)
não seja cobrado dos Estados. Para isso, recorreram ao princípio
tributário constitucional da imunidade recíproca, pelo qual entes
federativos não podem instituir
impostos uns sobre os outros.
Além de Aécio Neves, participaram da reunião em Belo Horizonte os governadores Eduardo Braga (PPS), do Amazonas, Marconi
Perillo (PSDB), de Goiás, Wilma
de Faria (PSB), do Rio Grande do
Norte, e Germano Rigotto
(PMDB), do Rio Grande do Sul,
que entregaram as propostas ao
relator Virgílio Guimarães, também presente ao encontro.
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