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São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 2003

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Petista sugere que magistrados dão ordens de reintegração de posse por serem contra mudança da Previdência

Liminar é retaliação à reforma, diz Genoino

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

O presidente nacional do PT, José Genoino, fez ontem uma crítica ao Poder Judiciário, afirmando que juízes dão liminares contra a reforma agrária pelo fato de não aprovarem a reforma da Previdência proposta pelo governo.
"Os juizes não podem usar o pretexto de descontentamento com a reforma da Previdência para soltar liminares a torto e a direito e prejudicar uma causa nobre como a reforma agrária", disse o presidente do PT.
O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Maurício Corrêa, afirmou não acreditar que o petista tenha feito a declaração, mas, "partindo do pressuposto de que ele disse [a frase]", desafiou-o a apresentar uma decisão judicial motivada pela insatisfação dos juízes com a reforma da Previdência. "Se ele me trouxer, posso até ficar do lado dele."
Genoino disse a frase ao comentar o que chamou de excesso de liminares de reintegração de posse de áreas invadidas e a possibilidade de intervenção nos Estados.
À tarde, no Senado, o presidente do PT disse à Folha que havia feito um "alerta". "Não que isso esteja ocorrendo. Fiz a afirmação apenas para alertar, mas acho que em alguns casos pode estar havendo exagero", disse ele
Anteontem, ao comentar a greve dos servidores, ele disse que o governo precisaria dar tratamento diferenciado para servidores e para os sem-terra.
Na próxima segunda-feira, Genoino irá ao Pontal do Paranapanema e se reunirá com representantes de grupos sem-terra. "Vou buscar uma solução pacífica, sem radicalismo, sem ideologia."
O presidente do PT criticou a postura da UDR (União Democrática Ruralista), que pediu a substituição de Rossetto. "Isso não tem cabimento. Não é dessa maneira que a UDR deve negociar com o governo. Nós expressamos nossa confiança no ministro e em seu trabalho."
Participaram do encontro na manhã de ontem, além do presidente do PT e de Rossetto, parlamentares do partido ligados aos movimentos de trabalhadores sem terra.
O deputado Doutor Rosinha (PT-PR), presente ao encontro, disse que a atuação do Judiciário foi debatida com o ministro.
O ministro agradeceu o apoio. "Entusiasma a manifestação de solidariedade e de apoio ao programa que estamos desenvolvendo", disse Rossetto. "O fato é que nós herdamos uma situação de grande instabilidade fundiária no país", completou.


Colaborou SILVANA DE FREITAS, da Sucursal de Brasília


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