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REFORMA SOB PRESSÃO
Para presidente do STF, texto é complexo e engessa mudanças
Jobim sugere uma "lipo" na tributária
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
O presidente do STF (Supremo
Tribunal Federal), ministro Nelson Jobim, afirmou ontem, em
palestra a empresários e políticos,
em Fortaleza, que é necessária
"uma reforma na reforma tributária" que tramita no Congresso.
Para isso, sugere, o ideal é que seja
feita uma "lipoaspiração" no texto referente à tributação, para sintetizá-lo ao máximo.
Para Jobim, a complexidade do
texto da Constituição engessa as
adaptações necessárias ao sistema
tributário nacional diante de
qualquer alteração no mercado.
"A economia mudou, mas o sistema tributário, não."
Segundo o ministro, com um
texto enxuto, os detalhes poderiam ser esmiuçados em leis complementares, por exemplo, alteradas com mais agilidade.
"O texto da reforma tributária
da Constituição de 1988 cumpriu
seus objetivos, mas isso foi a custo
do aumento contínuo da carga
tributária. Por causa disso, falta
competitividade à economia brasileira no mercado externo. As
mudanças no sistema tributário
são inexoráveis para a retomada
do crescimento", disse o ministro.
Jobim foi o primeiro palestrante
da 2ª Conferência Investe Nordeste Brasil, na sede do Banco do
Nordeste do Brasil, e falou sobre
"O papel das instituições para o
crescimento econômico". Compareceram governadores do Nordeste, o presidente do grupo Brasilinvest, Mário Garnero, um dos
organizadores, e empresários.
Jobim afirmou que, além de engessar a legislação tributária, de
forma a fazer demorar muito
qualquer mudança, o detalhamento de toda a legislação tributária na Constituição propicia interpretações dúbias e pode "elevar as demandas no Judiciário".
"Cito como exemplo a expressão
"não-cumulatividade". No Judiciário, ela pode ser passível às
mais diversas interpretações e pode estabelecer enorme debate."
"Uma coisa é fazer, e outra coisa
é dizer que vai fazer, porque, na
hora de fazer, pode-se criar uma
imensa confusão e gerar, inclusive, a incapacidade de previsibilidade de investimentos."
Judiciário
O tema da tributária foi precedido de fala sobre o papel das instituições, especialmente o Judiciário, no período pós-ditadura militar como legitimadoras da credibilidade do país, garantindo o
cumprimento de contratos.
Para Jobim, a aprovação da reforma do Judiciário é um avanço,
mas é necessário que, em sua tramitação, sejam mantidas as mudanças que garantam "a acessibilidade à Justiça, a previsibilidade
de decisões e julgamentos em
tempo social e economicamente
aceitável". "A eficiência é a condição de legitimação do Judiciário."
O ministro criticou setores do
mercado financeiro que estimulam a demora de processos porque têm interesses e falou dos
problemas causados pela falta de
unidade em decisões sobre determinados temas, que criam conflitos por causa de decisões contraditórias, que variam, muitas vezes, de acordo com a formação
acadêmica. "Com isso, a figura
mais importante passa a ser o distribuidor de processos."
Jobim referia-se ao item da reforma do Judiciário que cria a súmula vinculante, na qual juízes de
instâncias inferiores terão de seguir as decisões do STF sobre determinados temas que já passaram por diversos julgamentos.
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