|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
INVESTIGAÇÃO
Equipe do Rio apura irregularidades em contratos com o BNDES e cumpre mandado de busca na casa de secretário petista
Operação da PF investiga dirigente do PT-MS
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
Uma equipe da Polícia Federal
do Rio de Janeiro investiga em
Campo Grande (MS), desde anteontem, supostas irregularidades
envolvendo militantes do PT no
Mato Grosso do Sul na assinatura
de contratos com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social).
A investigação está sob sigilo,
mas a Folha apurou que a casa do
secretário de Organização do PT
do diretório estadual do Mato
Grosso do Sul, Sandro César Fantini, em Campo Grande (MS), foi
alvo de um mandado de busca e
apreensão expedido pela Justiça
Federal. Ele não foi preso ou detido. De acordo com a PF, outras
apreensões devem ocorrer nos
próximos dias no Estado.
Fantini foi procurado ontem
pela reportagem para comentar a
operação, mas não foi localizado.
Foi informado por um militante
do PT de que a reportagem queria
falar com ele, mas não respondeu
ao pedido de contato para uma
entrevista (leia texto abaixo).
Os policiais federais -agentes e
um delegado deslocados do
Rio- apreenderam documentos
na casa do dirigente petista e os levaram para a sede da Superintendência da PF em Campo Grande.
Fantini exerceu cargos de primeiro escalão no governo de Zeca
do PT. Em 2001, foi presidente do
Idaterra (Instituto de Desenvolvimento Agrário, Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural
de Mato Grosso do Sul), órgão de
relevo no Estado, palco freqüente
de conflitos agrários. De 1999 a
2001, também no primeiro mandato de Zeca do PT (1999-2002),
foi coordenador-geral de Articulações com os Municípios, responsável por acolher reivindicações de prefeitos.
Em julho de 2002, Fantini pediu
desligamento do seu cargo de presidente do Idaterra para atuar na
campanha de reeleição do governador Zeca do PT.
No comando de um dos principais setores do PT estadual, Fantini é responsável pela organização
e o acompanhamento de todas as
candidaturas a prefeito do partido
no interior do Estado.
Fantini também ajuda na estruturação da campanha eleitoral do
candidato do PT a prefeito de
Campo Grande, o deputado federal Vander Loubet, sobrinho do
governador José Orcírio Miranda
dos Santos, o Zeca do PT, e ex-secretário estadual. O dirigente petista foi assessor do deputado, que
ontem negou atuação de Fantini
em sua campanha.
O delegado identificado apenas
como "Santos Neto", da PF do
Rio de Janeiro, responsável pelas
apreensões, afirmou ontem em
Campo Grande, por meio de um
policial, que não daria entrevistas
sobre o assunto. Informou, no entanto, que permanecerá na cidade
na próxima semana.
"Ele se espantou ao saber que
um assunto sigiloso já era do conhecimento da imprensa", informou o policial.
Para atuar no caso, Santos Neto
e sua equipe ocupam uma sala na
Superintendência da Polícia Federal em Campo Grande.
A assessoria da PF no Rio informou que a operação foi realizada
pela Delegacia de Combate aos
Crimes Financeiros.
Em novembro do ano passado,
o ministro da Justiça, Márcio
Thomaz Bastos, o diretor-geral da
Polícia Federal, Paulo Lacerda, e o
presidente do BNDES, Carlos Lessa, decidiram, por meio de um
convênio, que os serviços de inteligência da PF passariam a investigar contratos de financiamento
do BNDES com empresas supostamente fantasmas.
Na época, ficou decidido que a
operação seria comandada pela
delegacia da PF no Rio de Janeiro.
"Se necessário, as investigações
poderão ser feitas em qualquer
parte do Brasil e até no exterior",
informava, na época, a assessoria
do governo federal.
A assessoria da PF informou
que a investigação em Mato Grosso do Sul encontra-se em "fase
embrionária", apesar do cumprimento de pelo menos um mandado de busca e apreensão. Segundo
a PF, a análise do material apreendido "dará a real dimensão de tudo o que está sendo investigado" e
indicará os próximos passos.
Texto Anterior: Reforma sob pressão: Jobim sugere uma "lipo" na tributária Próximo Texto: Outro lado: Secretário do partido no Estado não é localizado Índice
|