São Paulo, domingo, 10 de julho de 2005

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PAINEL

A fórceps
As reuniões que antecederam a renúncia de José Genoino à presidência do PT e a escolha da chapa para dirigir temporariamente o partido foram marcadas por acusações entre caciques. Até a manhã de sábado, José Dirceu ainda se opunha ferozmente à saída do grupo.

Panela de pressão
O silêncio causado pelo discurso de despedida de Genoino foi quebrado pelos gritos de "canalha" e "isso é canalhice", dirigidos por Valdemir Garreta ao prefeito de Guarulhos, Elói Pietá, que defendeu corregedoria interna para apurar denúncias contra a cúpula defenestrada.

Por baixo do pano
No PT, acredita-se que o dinheiro encontrado na mala e na cueca de José Adalberto Vieira da Silva era para financiar a campanha do Campo Majoritário na acirrada disputa pelo comando do PT cearense.

História sem fim
Apesar da peculiaridade de parte do dinheiro ter sido encontrada sob a roupa do assessor petista, havia quem falasse, ainda ontem, que os dólares haviam sido "plantados" para incriminar o partido.

Porões inquietos
A velha guarda da Abin se organiza para forçar a saída de Mauro Marcelo do comando da agência. O grupo avalia que, em sua gestão, o órgão foi usado para prestar "pequenos serviços" para o PT e para a Casa Civil.

Novo alvo
Roberto Jefferson (PTB-RJ) coleciona denúncias contra o presidente do Besc (Banco do Estado de Santa Catarina). Trata-se de Eurides Mescolotto, ex-marido da senadora Ideli Salvatti, sua nova inimiga número 1.

Queijo suíço
Nos dados enviados na semana passada pelo Coaf à CPI dos Correios não constava a movimentação das contas de Marcos Valério na agência do Banco Rural no Brasília Shopping.

Big Brother
O Banco Rural também não enviou à CPI a relação das agências nas quais o dinheiro de Marcos Valério foi sacado na boca do caixa. A comissão vai requisitar as imagens dos circuitos internos dos locais.

Reciclagem
A migração de três ministros para a cúpula do PT fecha um ciclo: derrotados nas urnas, foram para o governo; agora que muitos precisam sair para dar lugar a aliados, encontram abrigo na máquina partidária.

Bem a calhar
A saída de Tarso Genro do governo pode facilitar a redução de cadeiras no Palácio do Planalto. Luiz Dulci pode ir para o Ministério da Educação e Jaques Wagner assumir uma Secretaria Geral turbinada pela coordenação política e o "Conselhão".

Slogans vazios
Se virar apêndice de outra pasta, o "Conselhão" fará companhia ao Fome Zero e ao Primeiro Emprego no rol das idéias de campanha de Lula que morrem sem gerar frutos.

Supergerentão
O presidente da CNI, Armando Monteiro, diz que só um "choque de gestão" pode ajudar a recuperar a credibilidade do governo. Sugere a integração de pastas e a escolha de um nome de "envergadura" para tocar um projeto de eficiência.

Começou mal
Para Monteiro, a escolha de Luiz Marinho, da CUT, para o Ministério do Trabalho vai na contramão do que o empresariado esperava da reforma.

Olho do dono
A demissão de Romero Jucá da Previdência já motivou piada maldosa: agora, ele terá mais tempo para procurar suas fazendas fantasmas na Amazônia.
TIROTEIO

Do líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), sobre a tentativa do PT de desqualificar Fernanda Somaggio, a ex-secretária de Marcos Valério:
-O partido que se dizia dos trabalhadores prefere proteger um tubarão humilhando uma cidadã comum que teve a audácia de denunciar corrupção.

CONTRAPONTO

Feira literária de Brasília

Um dos participantes das gravações clandestinas que flagraram Maurício Marinho recebendo suposta propina nos Correios, o ex-araponga da Abin Jairo Martins foi questionado em depoimento à CPI que investiga a estatal, na terça, sobre sua relação com o jornalista Policarpo Júnior, da revista "Veja".
O repórter escreveu a reportagem que originou a investigação. Foi quando a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) se confundiu.
Ela chamou o jornalista de "Policarpo Quaresma", personagem do escritor Lima Barreto.
Maurício Rands (PT-PE) fez um trocadilho com o romance "Triste Fim de Policarpo Quaresma", publicado em 1916:
-O fim da CPI não será triste!
Outro petista arrematou:
-Tomara que o governo também não. Policarpo Quaresma se tornou uma figura quixotesca, oscilando entre o ingênuo e o ridículo.

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