São Paulo, domingo, 10 de julho de 2005

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MENSALÃO

Possíveis erros serão checados, afirma Tarso

EM SÃO PAULO

DA REPORTAGEM LOCAL

O novo presidente do PT, Tarso Genro, disse ontem à noite que vai verificar possíveis erros e equívocos que tenham sido cometidos pelo partido.
Sem se aprofundar sobre a conveniência da abertura de uma sindicância, Genro afirmou que vai assumir o partido por um período de transição. "Assumo a presidência do PT para um processo de transição de uma situação defensiva e de dificuldade para um processo de normalização partidária e recomposição com a base social e com as relações com o governo", afirmou.
Segundo ele, o partido ainda vai debater a conveniência de manter setembro como data para a escolha da nova direção do partido. Outras diretrizes partidárias também serão debatidas hoje, em encontro da Executiva partidária, também em São Paulo.
Em meio a uma crise que afeta governo e partido, um dos auxiliares mais próximos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Dulci, admitiu ontem houve errou na costura da base política na Câmara.
"Pode ter havido erro na forma como as alianças foram feitas e, se realmente houve, temos de ter humildade e corrigi-los", disse.
Dulci ressalvou que o governo continua entendendo que as alianças precisam ser feitas. "A dúvida é quanto à forma", declarou, sem entrar em detalhes.
A política de alianças vem sendo apontada como o fato gerador da maior crise política da história do partido.
Ao lotear empresas estatais entre indicados de diferentes legendas, como PTB, PL, PMDB e PP, o governo federal provocou uma situação de disputa interna que, no caso dos Correios, acabou revelando indícios de tráfico de influência e de uma rede de cobrança de propina.
Apesar da admissão de Dulci, não há sinal de que vá mudar a lógica das alianças buscadas pelo Palácio do Planalto.
Anteontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu posse a três ministros do PMDB, na esperança de consolidar uma base parlamentar que o ajude a atravessar a crise.
Mas a mudança não deve ser o fim dos problemas. Há resistência dentro do PMDB e das alas ditas "radicais" do PT à composição.
"A reforma ministerial está levando o governo para a direita", disse o secretário de Movimentos Populares do partido, Jorge Almeida. Para o deputado federal Ivan Valente (SP), "a reforma troca seis por meia dúzia".
Alas de oposição à atual direção partidária apresentariam ontem uma resolução pedindo o rompimento da aliança com partidos considerados fisiológicos, mas é improvável que o governo se curve a essa demanda, mesmo com a gravidade da crise atual.
Ao contrário, a tendência no momento é de promover uma "despetização" da administração, reduzindo o número de ministérios da cota partidária. Nesta semana, Lula vai se reunir com dirigentes do PP para acertar a entrada do partido no primeiro escalão do governo federal.

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