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CRISE
Entidades acusam procuradores de forjar ameaças que levaram ao expurgo na PF e preparam dossiês no Rio
Policiais federais armam "contra-ataque"
SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio
A reação das entidades representativas de policiais federais à "limpeza" na corporação anunciada
pelo Ministério da Justiça passa
por investigações detalhadas sobre
as atividades pessoais e profissionais de procuradores da República.
Delegados e agentes buscam, em
todo o país, informações que possam ajudar as entidades a montar
dossiês desabonadores sobre as
condutas de procuradores responsáveis por denúncias contra funcionários da PF (Polícia Federal).
Para dirigentes de federações,
associações e sindicatos de servidores da corporação, procuradores forjaram estar sofrendo ameaças, dando início à crise que resultou no afastamento pelo governo
de 24 agentes e delegados.
O diretor do Sindicato dos Servidores da PF no Rio, Hermínio Leite, afirmou ontem que não existem indícios de que as ameaças
realmente ocorreram. "Duvido
que tenham ocorrido. A coisa se
transformou em um tribunal de
exceção. Não vamos tolerar isso."
O diretor regional da Associação
Nacional dos Delegados de PF,
Nilton Massa, é outro líder sindical que duvida das ameaças.
"Todo policial, seja federal, civil
ou militar, sabe que, se você tiver
que fazer alguma coisa, não vai ficar ameaçando. Se tiver que fazer,
faz logo. É tudo balela", disse ele.
No Rio, os alvos das investigações informais são os procuradores da República Artur Gueiros e
Anaiva Cordovil.
Gueiros coordena o setor criminal do Ministério Público Federal
no Rio. Cordovil é responsável pelas denúncias contra policiais federais. Segundo o procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, ela vem sofrendo ameaças.
A Folha tentou ouvir ontem os
dois procuradores. Eles estão de
férias e não foram encontrados.
Além de investigar a prática de
supostas irregularidades pelos representantes do Ministério Público Federal, as entidades representativas dos policiais planejam iniciar uma batalha jurídica contra o
Ministério Público.
"Não nos interessa o profissional ruim aqui dentro, mas queremos que a justiça seja feita caso
por caso. Se o Ministério Público
apontou alguém injustamente, vamos interpelar o Ministério Público na Justiça", disse Leite.
Licenciado do cargo de superintendente da PF no Rio, o delegado
Jairo Kullmann foi substituído ontem pelo delegado Paulo Roberto
Ornellas.
Kullmann é acusado de participar de um grupo de policiais federais que teria desviado verbas da
Previdência Social. Ele não quis falar à Folha ontem.
O ex-superintendente Eleutério
Parracho também não quis dar entrevista. Ele teve a demissão pedida pelo Ministério da Justiça.
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