São Paulo, sexta, 10 de julho de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

OUTRO LADO

Acusados negam participação no crime


do enviado especial a Fortaleza

Os três acusados da autoria intelectual da morte de João Jaime Ferreira Filho negam qualquer participação no crime e declaram que mantinham excelentes relações com a vítima.
Paulo Quesado, advogado do deputado estadual Manoel Duca Neto e do deputado federal Aníbal Ferreira Gomes, afirma que, ainda em 1992, o prefeito fez declarações públicas, gravadas, de que não havia mais divergências com seus primos.
O vice-prefeito Amadeu Ferreira Gomes Filho afirma no inquérito que a sua demora para chegar ao escritório da Prefeitura de Acaraú em Fortaleza no dia do crime deveu-se a um engarrafamento muito grande no trajeto.
Admite ter mantido vários contatos com Pantico, o suposto assassino, a quem conhecia como corretor de carros usados.
Segundo Amadeu, Pantico lhe prometera veículos para a campanha eleitoral, razão das diversas ligações telefônicas, algumas das quais não foram completadas.
Para o deputado federal Aníbal Ferreira Gomes, Joãozinho era seu compadre e grande amigo. Diz que sempre que viajava a Brasília o prefeito hospedava-se em sua casa.
Em depoimento no inquérito policial, reconhece, porém, que Joãozinho não teve seu apoio nas eleições de 1992, vencidas por Francisco José Magalhães Silveira, o "Chico Panelada", aliado dele e de seus irmãos.
Panelada cumpriu seu mandato de 1993 a 1996, sendo substituído por Joãozinho, vencedor das eleições.
O deputado federal afirma ainda desconhecer detalhes técnicos do projeto de dragagem na barra de Acaraú, embora ache que a realização correta da obra demandaria uma verba de R$ 5 milhões, em vez dos R$ 3 milhões liberados.
Ainda no processo, o parlamentar declara ter feito gestões legítimas junto ao governo do Ceará, para obter a verba de contrapartida necessária à liberação dos recursos federais, e também junto ao Ministério dos Transportes, para viabilizar a liberação da verba.
Procurada ao longo do dia de ontem para uma entrevista, a empresa Bandeirantes Dragagem expediu uma nota afirmando não ter nada a declarar a respeito de fatos extracontrato envolvendo a obra no rio Acaraú.
Informa que despendeu recursos para deslocar uma draga para o Nordeste somente para atender a esta obra e não pôde iniciá-la por motivos alheios à sua vontade, quais sejam, "a falta de licença ambiental, que é de responsabilidade da prefeitura". (MVS)



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.