São Paulo, Sábado, 10 de Julho de 1999
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PAINEL

Fazendo a sua parte

É estratégico o confinamento silencioso de ACM. Se continuasse a defender publicamente os benefícios à Ford, o baiano reforçaria a pecha de que manda em FHC e daria razão aos que argumentam que o presidente deve enquadrar o pefelista para mostrar autoridade.


Vencer ou vencer

Ao ficar na Bahia esperando a decisão de FHC sobre a Ford, ACM pensa também no ""day after": se o presidente vetar, o pefelista arma um circo para posar de vítima dos políticos do ""sul" e defensor do Estado. Caso contrário, fatura a vitória em casa, ao lado do eleitorado.

Próprio punho

Chamada do editorial de ontem do "Correio da Bahia", da família de ACM: "Não se confunda o silêncio dos que aguardam uma decisão com ausência de altivez, que nunca faltou nem faltará aos baianos".

Na boca do povo

Pesquisa CNT/Vox Populi, que será divulgada terça: 56% dos entrevistados acham que os ministros perdem muito tempo em "brigas e intrigas", e 53% dizem que os ministros agem de acordo com o próprio interesse.

Fato relevante

A pesquisa CNT/Vox Populi mostra que há uma percepção da população de que o ministério é problema. Assuntos administrativos não chamam tanta atenção quanto temas como saúde, emprego e segurança.

Não sai do lugar

A reforma ministerial que o líder Arthur Virgílio (PSDB-AM) espera para a próxima semana deve manter rigorosamente a proporcionalidade atual na representação dos três maiores partidos: PSDB, PFL e PMDB.

Recolhendo armas

Os tucanos estão sendo aconselhados por aliados de FHC a baixar a pressão em torno da reforma ministerial. Argumento: a bola agora é do presidente, que já estaria de posse dos elementos necessários para anunciar sua decisão.

Pílula dourada

Ganha corpo no mercado a versão de que a anunciada fusão entre a Brahma e a Antarctica teria sido, de fato, a compra da segunda pela primeira. Só não teria sido apresentada assim para evitar mais dificuldades para o negócio no Cade.

Sem gás

A versão de que teria havido compra da Antarctica pela Brahma, e não fusão, já chegou ao governo, que a estuda. O negócio teria sido uma resposta defensiva da Brahma à possibilidade de a Antarctica vir a ser comprada por uma multinacional. E não uma ação ofensiva com vistas ao mercado externo.

Drinque amargo

Um novo aspecto da associação Brahma-Antarctica entra pela porta da frente do Ministério da Justiça, na terça: a questão do emprego. Levadas por Luiz Antônio de Medeiros (PFL-SP), lideranças sindicais vão negociar a manutenção de postos de trabalho.

A conferir

Caciques tucanos querem antecipar a escolha do candidato do PSDB à prefeitura paulistana, que, pela tradição, ficaria para junho de 2000. Razão: pesquisas mostram que os pré-candidatos tucanos são quase desconhecidos e precisam de mais tempo que os adversários.

Do contra

Bastou auxiliares próximos a Covas vazarem que o governador reformaria o secretariado em breve que nada aconteceu. Tucanos dizem que a melhor maneira de evitar que Covas faça algo é espalhar a notícia.

Contra a centralização

A pedido de Dante de Oliveira (MT), os governadores vão discutir no dia 15 uma proposta própria de reforma tributária. Os Estados acham que o projeto em discussão na Câmara beneficia a União e os municípios, deixando-os de fora.

TIROTEIO

Do líder do governo no Congresso, deputado Arthur Virgílio (PSDB-AM), sobre Lula ter dito que FHC está acuado por ACM por causa da concessão dos benefícios para a Ford se instalar na Bahia:
- Quem costuma ficar acuado é o Lula. Toda vez que está no topo das pesquisas começa a dizer coisas impróprias, como agora, e começa a cair.

CONTRAPONTO

O sem-mídia
Na reunião com representantes do Fórum Nacional pela Reforma Agrária, anteontem no Planalto, FHC surpreendeu os militantes com um discurso inusitado.
Aurélio Vianna, da ONG Rede Brasil, reclamou de que o governo pressionara o Banco Mundial a não instalar um painel de inspeção sobre o programa Cédula da Terra.
FHC explicou que fez isso porque, ""no seu tempo", seria inadmissível que uma entidade da sociedade civil pedisse a um agente do ""imperialismo" que se intrometesse em questões internas. Depois, disse que a reforma agrária com base na desapropriação, e não na compra de terras, continua sendo prioridade de seu governo.
Um dos sem-terra argumentou que o presidente deveria dizer isso mais claramente na imprensa, já que não era essa a impressão passada pela ""mídia".
FHC, então, retrucou:
- Mídia? Então eu devo contratar vocês. Vocês têm muito mais acesso do que eu!

Email: painel@uol.com.br


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