|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
GOVERNO
Equipe econômica definirá forma técnica para viabilizar decisão
FHC aprova instalação
de montadora na Bahia
DENISE MADUEÑO
VIVALDO DE SOUSA
da Sucursal de Brasília
O presidente Fernando Henrique Cardoso se reuniu ontem no
Palácio do Alvorada com quatro
ministros e decidiu que a Ford vai
mesmo ficar na Bahia.
A decisão política de FHC foi
transmitida ontem pelo líder do
governo no Congresso, deputado
Arthur Virgílio (PSDB-AM).
"A Ford fica na Bahia", disse
Virgílio, depois de também se
reunir com FHC no Alvorada.
Agora, a equipe econômica está
definindo a forma técnica para
viabilizar a decisão política.
O anúncio da solução final para
o caso Ford será feito na próxima
semana, quando o presidente do
Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), deverá estar em
Brasília.
"Um presidente fraco teria de
tomar uma atitude artificial para
dizer que enfrentou Antonio Carlos. Um presidente forte faz o que
é justo", disse o líder do governo.
ACM foi o principal patrocinador da mudança na legislação para beneficiar a instalação da fábrica na Bahia, processo que no Congresso foi batizado de "emenda
Ford".
Mudança na lei
Os parlamentares aprovaram,
antes do recesso, um substitutivo
da medida provisória do regime
automotivo para o Norte, o Nordeste e o Centro-Oeste.
O prazo de adesão das montadoras foi alargado de 31 de maio
de 1997 para 31 de dezembro de
99.
Com isso, a Ford terá acesso a
um pacote de benefícios fiscais federais mais generoso que aquele
previsto para sua instalação no
Rio Grande do Sul e mais extenso
-será válido até 2010.
Avaliando as possíveis reações
negativas no Mercosul e na OMC
(Organização Mundial do Comércio), o Planalto mostrou-se,
inicialmente, propenso a não
aceitar as alterações na legislação.
ACM reagiu dizendo que não
abria mão da instalação da empresa no seu Estado e confidenciou a amigos estar disposto a ficar na Bahia até que o presidente
decidisse a questão.
Participaram da reunião de ontem de manhã no Alvorada os ministros Pedro Malan (Fazenda),
Pedro Parente (Orçamento e Gestão), Celso Lafer (Desenvolvimento) e o interino das Relações
Exteriores, Seixas Corrêa. O secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, e o secretário-executivo do Ministério da Fazenda,
Amaury Bier, estiveram presentes
e assessoram a discussão.
A decisão de aprovar a instalação da Ford na Bahia com os incentivos fiscais foi unânime, segundo a Folha apurou.
Problema contornável
Na avaliação da área econômica, a renúncia fiscal (veja reportagem na pág. 1-5) é um problema
contornável no atual momento de
ajuste das contas públicas.
Estudo do Ministério da Fazenda mostra que a perda fiscal atingirá R$ 700 milhões por ano, com
a decisão.
O governo já contava com a renúncia fiscal decorrente da instalação da Ford no Rio Grande do
Sul e da Asia Motors na Bahia. Esta última acabou não acontecendo. A renúncia fiscal gerada pelos
incentivos em estudo deverá ficar
pouco acima da soma estimada
com a implementação desse dois
projetos.
Mesmo que o presidente venha
a fazer algum veto na legislação
alterada pelo Congresso, o governo está disposto a dar compensações para viabilizar o objetivo político de ter a montadora na Bahia.
Impacto
Arthur Virgílio afirmou que a
saída técnica vai levar em conta o
impacto que a sanção da lei pode
provocar nos acordos do Mercosul, na OMC e no conjunto do
país.
"Em qualquer circunstância, o
presidente vai viabilizar a Ford na
Bahia. A questão é meramente
técnica. Precisa ser calculado o
impacto", disse o deputado.
A Folha apurou que a renúncia
fiscal estimada só com parte logística seria de US$ 130 milhões.
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: BNDES apóia acordo com empresa Índice
|