São Paulo, Sábado, 10 de Julho de 1999
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EM BLOCO
Reunião em Recife defende instalação de fábrica da Ford e critica projeto federal
Governadores do NE apóiam Bahia

FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Recife


Governadores do Nordeste, que há 11 dias criaram bloco para defender interesses da região, formalizaram ontem, em reunião em Recife, o apoio à instalação da fábrica da Ford na Bahia.
A decisão é favorável ao senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), que pressiona o presidente Fernando Henrique Cardoso a sancionar a lei que permite a inclusão da Ford no regime automotivo especial, aprovada pelo Congresso no final de junho. O prazo de adesão ao regime passou de 31 de maio de 1997 para 31 de dezembro de 1999.
A proposta para que os Estados do Nordeste apoiassem formalmente a instalação da indústria na Bahia foi feita pelo governador de Sergipe, Albano Franco, que pertence ao PSDB e é amigo pessoal de FHC.
"Não se trata de fazer o jogo da Bahia, mas de fortalecer nossa posição, que é a de defesa da descentralização industrial", afirmou Franco. "É justíssimo que o governo federal sancione o que o Congresso aprovou."
Outro governador tucano, Tasso Jereissati, do Ceará, também confirmou seu apoio à Bahia: "Entre o Mercosul e o Nordeste, eu fico com o Nordeste".
Tasso negou qualquer conotação política na decisão tomada pelo bloco e disse que o assunto foi avaliado como sendo "altamente positivo" para a região.
"Todos os Estados nordestinos que vierem a receber investimentos importantes beneficiarão naturalmente toda a região", afirmou o governador do Ceará.
"A defesa feita aqui não é da Bahia, mas do Nordeste, disse o único governador da oposição que integra o bloco, Ronaldo Lessa (PSB), de Alagoas.
Para o governador da Bahia, César Borges (PFL), "não existe problema efetivo com o Mercosul", citando eventual reação de parceiros brasileiros à instalação da nova fábrica. Segundo ele, o assunto "já foi conversado" e o governo federal "sabe muito bem como resolver isso".
Recursos
Na reunião, também foi criticado o PPA (Plano Plurianual de Ação), elaborado para disciplinar os investimentos no Brasil entre os anos de 2000 e 2007.
Segundo os presentes, o projeto "não contempla a região" e, por unanimidade, decidiram propor ao governo federal a prorrogação, por 30 dias, do prazo de entrega do plano ao Congresso, previsto para ocorrer no final deste mês.
Os governadores afirmam que a proposta atual "tende a aumentar a desigualdade econômica e social entre Estados do Centro-Sul e do Nordeste" e querem um novo programa.
"Como está colocado, nossa região, que tem 30 milhões de habitantes, teria apenas 11% dos recursos globais", disse o governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos (PMDB).
"Nós achamos que esse número e os eixos de desenvolvimento devem ser rediscutidos", afirmou. Segundo ele, o novo percentual só será definido após a elaboração da nova proposta.


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