São Paulo, sexta-feira, 10 de agosto de 2001

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SUCESSÃO NO ESCURO

Na Fiesp, Moreira Ferreira (PFL) lança manifesto com críticas ao governo e ataca ministro da Fazenda

Presidente da CNI rechaça Malan-2002

Evelson de Freitas/Folha Imagem
Os presidentes da CNI, Carlos Eduardo Moreira Ferreira (à esq.), e da Fiesp, Horacio Lafer Piva


RONALD FREITAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O deputado Carlos Eduardo Moreira Ferreira (PFL-SP), presidente interino da CNI (Confederação Nacional da Indústria), rechaçou ontem a eventual candidatura do ministro da Fazenda, Pedro Malan, à Presidência da República. "Não gostaria sequer de imaginar esse governo [de Malan"", declarou.
Ferreira, que comandará a CNI até 15 de setembro, quando termina a quarentena imposta ao senador e ex-ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra (PTB-RN), disse que falava apenas em seu nome. A CNI reúne as federações estaduais da indústria. O deputado reconheceu "competência, seriedade e honestidade" em Malan, mas considerou-o "inviável eleitoralmente" como candidato à sucessão de FHC.
O deputado defende a manutenção da aliança PSDB-PFL, mas sugere os nomes dos ministros José Serra, da Saúde, e Paulo Renato de Souza, da Educação, e do governador Tasso Jereissati (CE), como os tucanos capazes de manter a união dos dois partidos. Os nomes pefelistas seriam os dos governadores Roseana Sarney (MA) e Jaime Lerner (PR) e o do presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC).
Ex-presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Ferreira comandou o lançamento de um manifesto empresarial em favor da reforma tributária, na sede da entidade, em São Paulo, ao lado do presidente Horacio Lafer Piva e do empresário Jorge Gerdau. O documento faz críticas severas ao pacote tributário proposto pelo governo no início de julho.
Ferreira foi o crítico mais contundente da resistência do governo federal à aprovação do projeto de reforma tributária aprovado pela comissão de Assuntos Econômicos da Câmara dos deputados, no primeiro semestre. "O Executivo vive do curto prazo, pensando no fechamento do caixa diário", disse.
A reforma tributária é uma das promessas do programa de governo de FHC. "Ele [o presidente" poderia ter sido mais firme no sentido de cumpri-la", afirmou. A exemplo do deputado, Gerdau disse ter perdido a esperança de ver a reforma tributária aprovada neste governo. O empresário admitiu que o manifesto não deve levar a mudanças práticas nas leis tributárias brasileiras a curto prazo. "Mas é oportuno para que a sociedade não acuse o empresariado de omisso", declarou.
O Executivo é acusado de "contribuir para a paralisia da reforma tributária". Os empresários reclamam da prorrogação da CPMF, o imposto do cheque, até 2004, e da ampliação da incidência do PIS/ Cofins sobre as importações. "Cuida-se de uma isonomia pela oneração", diz o documento.
Os empresários elogiaram apenas a unificação de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) prevista no pacote tributário do governo. "Pena que não tenha sido discutida previamente com os Estados", disse Gerdau. Muitos governadores se declararam contrários à unificação das alíquotas, alegando queda na arrecadação.
Gerdau, Piva e Ferreira elogiaram o projeto de reforma do deputado Mussa Demes (PFL-PI), que desonera a produção e taxa o consumo. Aprovado na Comissão Especial de Reforma Tributária da Câmara dos Deputados, inclusive com votos da oposição, o projeto não foi a plenário.


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