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Governo prevê batalha judicial e nova reforma em 10 anos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo se prepara para um
teste tão difícil para a reforma da
Previdência como as duas madrugadas de votação na Câmara: a
batalha no Judiciário. E o ministro Ricardo Berzoini (Previdência) indica que nova reforma será
desejável daqui a dez ou 15 anos.
O ministro considera inevitáveis que ações na Justiça venham
a contestar as novas regras: "Toda
reforma constitucional sobre
qualquer matéria é questionada
no Supremo Tribunal Federal".
Para ele, o governo tomou cuidado para evitar que o Judiciário
venha a derrubar pontos importantes da reforma. "Do ponto de
vista jurídico, houve uma razoável e considerável proteção contra
decisões desfavoráveis", disse.
No ponto mais polêmico da
emenda, a cobrança de contribuição de servidores inativos, Berzoini confia na posição favorável dos
ministros do STF com base em
julgamentos anteriores. Segundo
ele, foi a redação da reforma anterior, feita em 1998, no governo
Fernando Henrique Cardoso, que
fechou o caminho à cobrança.
Além disso, na negociação da
reforma, o governo cedeu na
maioria das reivindicações dos
juízes. O ministro nega que os juízes tenham obtido tudo o que
queriam: eles terão de se aposentar mais tarde, ainda que com salários integrais. Nos bastidores,
porém, o governo tem convicção
de que cedeu o máximo que pôde.
Embora o resultado financeiro
esteja distante da possibilidade de
zerar o déficit previdenciário do
setor público, as sucessivas mudanças no texto da emenda constitucional na Câmara não devem
impor a necessidade de uma nova
reforma nos próximos anos.
O ministro defende, porém,
uma nova reforma num prazo de
dez a 15 anos, para levar adiante
os planos originais do PT de unificar os sistemas dos trabalhadores
da iniciativa privada e do setor
público. O principal obstáculo no
momento é a situação das contas
públicas e o enorme custo financeiro que a unificação imporia.
O prazo de dez a quinze anos é a
previsão do ministro para o país
obter folga suficiente nas contas
públicas para bancar o custo de
transição para um novo sistema
unificado. "O PT insiste no regime previdenciário único", disse.
A reforma vai diminuir em menos de R$ 1 bilhão por ano no curto prazo o atual déficit do sistema
público (cerca de R$ 14 bilhões
em 2003). Apesar disso, o governo
aposta numa espécie de "ganho
oculto". Ele viria de um horizonte
de estabilidade maior na economia nos próximos 20 anos.
(MARTA SALOMON e JULIANNA SOFIA)
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