|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CASO BANESTADO
Planalto tenta desviar foco das denúncias, diz presidente de CPI
Aliados querem punir quem divulgou dados de Meirelles
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Senadores da base aliada ao governo devem apresentar hoje requerimento à CPI do Banestado
para identificar e punir o responsável pelo vazamento de dados
fiscais e bancários de integrantes
do governo, como os presidentes
do Banco Central, Henrique Meirelles, e do Banco do Brasil, Cássio
Casseb. Para os governistas, há interesse eleitoral motivando a divulgação das informações.
O presidente da CPI, senador
Antero Paes de Barros (PSDB-MT), acusa o governo de tentar
desviar o foco das acusações de
evasão de divisas e sonegação fiscal contra Meirelles e Casseb.
"Vazamento de informação sigilosa é crime e deve ser punido. No
caso do Meirelles essas informações nunca passaram pela CPI,
porque ele não é foco de investigação. Esse governo deveria fazer
o mesmo esforço para apurar o
conteúdo das denúncias. Não dá
para usar essa tática diversionista", disse Paes de Barros.
O clima desfavorável à comissão se acentuou ontem. O presidente do Senado, José Sarney
(PMDB-AP), criticou o volume de
sigilos fiscais e bancários quebrados pela CPI. "Não posso interferir no trabalho da comissão, mas
na realidade acho que há um certo
exagero em quebrar 1.400 sigilos
bancários, até porque, materialmente, é impossível analisar todo
esse material dentro do funcionamento do prazo da CPI", disse.
A sugestão do requerimento é
de um dos vice-líderes do governo, Ney Suassuna (PMDB-PB), e
deve ser assinado também pela líder do PT, senadora Ideli Salvatti
(SC), com o apoio do líder do governo, senador Aloizio Mercadante (PT-SP). "Na CPI do Collor
eu divulguei a movimentação
pessoal dele [Collor] nas contas
da Ana Accioly [secretária particular], mas abri mão da imunidade parlamentar para ser processado. Em todas as CPIs sérias o parlamentar assume a sua posição e
não é isso que está acontecendo
agora", afirmou Mercadante.
Segundo o requerimento, que
terá que ser votado pela CPI, o vazamento de informações é quebra
de decoro parlamentar: o responsável teria que ser levado ao Conselho de Ética do Senado, estando
sujeito a perda do mandato.
Os governistas saíram em defesa do relator da comissão, deputado José Mentor (PT-SP), que pediu em bloco a quebra do sigilo
fiscal das pessoas físicas e jurídicas que remeteram dinheiro para
o exterior por meio de contas
CC5, incluindo 29 banqueiros,
sem indícios de irregularidades.
"Isso é um exagero, mas é um
direito. O problema é divulgar antes de haver uma avaliação", disse
Suassuna. Questionado se pediria
explicações a Mentor, respondeu
que os questionamentos serão feitos ao presidente da CPI, que é o
responsável pelos trabalhos. Paes
de Barros e Mentor têm travado
uma queda-de-braço que tem
emperrado o andamento da CPI.
"Seguramente não foi o Mentor
que vazou isso. Conheço e confio
nele, que é da base do governo e
não faria isso há dois meses das
eleições", disse Mercadante.
O presidente da CPI procurou
ontem Sarney para dar explicações sobre o andamento dos trabalhos da comissão, que tem sido
acusada pelo governo de fornecer
informações sigilosas para a imprensa. Paes de Barros negou o
vazamento de informações sigilosas. "Eu tranqüilizei o presidente
do Senado porque não houve vazamento de informações sigilosas. O que foi divulgado pela CPI
foi aprovado na comissão, é público", disse ele, que colocou os
documentos da comissão em
uma sala-cofre no Senado.
A CPI deve analisar hoje requerimento de convocação de Casseb
e do ex-diretor de política monetária do BC Luiz Augusto Candiota, que pediu demissão depois de
ser acusado de evasão de divisas.
A líder do PT defendeu ontem
que os convites para Casseb e
Meirelles darem explicações ao
Senado fiquem apenas na Comissão de Fiscalização e Controle.
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: CPI ignorou assessoria jurídica em 2003 e quebrou sigilos por atacado Índice
|