|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ESCÂNDALO DO "MENSALÃO" /O PRESIDENTE
Presidente escreve a d. Geraldo Majella e afirma que momento atual precisa ser superado "para que o país retome sua vida normal"
Em carta à CNBB, Lula diz que crise é grave
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM INDAIATUBA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva admitiu ontem, em carta enviada à presidência da CNBB
(Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil), ter "plena noção da
gravidade" da crise política pela
qual passa o país, motivada por
uma série de acusações de corrupção que atingem o governo e
parte de sua base de apoio.
A carta tem três páginas e chegou na manhã de ontem, via fax,
às mãos do presidente da CNBB,
cardeal Geraldo Majella Agnelo.
Datada de anteontem, a carta foi
lida no plenário da 43ª Assembléia Geral da CNBB, que reúne
cerca de 300 bispos do país e começou na manhã de ontem em
Indaiatuba (102 km de São Paulo). A assembléia termina no próximo dia 17.
Mesmo antes de receber a carta
do presidente, a CNBB havia decidido formular uma nota sobre a
situação econômica do país. O
texto será elaborado no decorrer
da assembléia. Para alguns bispos, Lula sinaliza com a carta a
tentativa de ganhar apoio da Igreja e evitar críticas contundentes
durante a assembléia.
"Esta assembléia ocorre num
momento muito particular do
nosso país, em que uma crise política nos atinge fortemente. Quero,
com toda a franqueza, afirmar-lhe que tenho plena noção da gravidade do processo que estamos
vivendo e de como ele precisa ser
superado para que o país retome
sua vida normal de desenvolvimento e de inclusão social", diz
um trecho da carta de Lula.
O presidente afirma ainda que
"todos os erros e desvios" devem
ser "apurados e punidos, doa a
quem doer".
Lula ainda manda um recado a
outras esferas de poder -no caso, Legislativo e Judiciário, responsáveis por investigações sobre
acusações de corrupção. "Espero
que os processos nas demais esferas de poder tenham um desfecho
breve, maduro e conseqüente."
Trabalhador
Após ter sido chamado de "preguiçoso" pelo deputado federal
Roberto Jefferson (PTB-RJ), em
um evento em São Paulo, o presidente afirmou na carta entregue à
CNBB que continua com disposição de trabalhar, apesar da crise
política. "Se a atual crise me entristece, ela, de maneira alguma,
abate meu ânimo e minha disposição de trabalhar e governar."
Para o presidente Lula, o país
passa atualmente por uma processo "purificador": "Tenho a esperança de que este seja um processo purificador para a vida política do país".
Lula também aproveitou para
responder às críticas de que esteja
antecipando a campanha eleitoral
de 2006 com seus discursos e suas
viagens para inauguração de
obras pelo país. Para ele, as suas
viagens têm sido interpretadas
"maldosamente".
"Tenho envidado todos os esforços para que a crise política
não paralise nosso governo e nosso país. O que tem sido interpretado, muitas vezes maldosamente,
como antecipação de campanha
eleitoral é justamente um empenho do governo."
Lula reafirmou ainda na carta
que pretende continuar viajando
pelo país. Ele já havia feito a declaração anteontem em seu programa quinzenal de rádio.
O presidente conclui a carta
com uma crítica ao governo do
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, sem citá-lo nominalmente. Ele diz ter criado 13 vezes mais postos de trabalho do
que "no governo passado".
Texto Anterior: Severino arquiva dois pedidos de impeachment Próximo Texto: Padres acusam PT de "escorregar para a corrupção" Índice
|