São Paulo, quinta-feira, 10 de agosto de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Pesquisa põe campanha tucana em crise

Orlando Brito/Obrito News
Geraldo Alckmin preside reunião do conselho político de sua campanha em Brasília antes de ir a São Paulo para gravar programas


O presidente do PSDB, Tasso Jereissati, culpa o publicitário; ala paulista critica concentração da agenda no Nordeste

Roberto Freire diz que comando de Brasília não se comunica com o núcleo de comunicação que fica em SP: "É preciso interagir"


CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A ampliação da vantagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva provocou abalos no conselho político de campanha do tucano Geraldo Alckmin à Presidência, ressuscitando a disputa entre São Paulo e Brasília. Irritado com a exploração ineficiente do horário oferecido pelo "Jornal Nacional", da Rede Globo, o presidente nacional do PSDB, Tasso Jereissati, se queixou especificamente do coordenador de comunicação da campanha, jornalista Luiz Gonzalez. Segundo participantes, Tasso afirmou que falta diálogo entre o "núcleo de São Paulo e de Brasília". Essa também tem sido uma reclamação dos pefelistas. "Há dois grandes centros na campanha: um político, em Brasília, e o de comunicação e propaganda, em São Paulo. Hoje não há comunicação. É preciso interagir", resumiu o presidente do PPS, Roberto Freire. Para participantes, ficou clara que Tasso tinha dito que Gonzalez não ouve ninguém. Tasso nega: "Os dois núcleos estão muito separados. Falei da importância da comunicação. É importante a participação da área de publicidade no conselho político. Cada um precisa ouvir o outro lado", disse. A ala paulista da campanha reage, queixando-se da insistência de Tasso para que Alckmin concentre sua agenda no Nordeste. Segundo tucanos paulistas, Alckmin tem desperdiçado seu tempo em viagens com poucos dividendos eleitorais. O roteiro das visitas foi objeto de "lavagem de roupa suja": "A agenda tem que priorizar o interesse nacional. Não se pode subordinar a campanha a interesses locais", disse Freire. Tasso diz que não é o responsável pela agenda. Na reunião, o próprio Alckmin fez críticas à condução da campanha, cobrando a colaboração dos aliados na produção de conteúdo para que venha a expor durante o "JN". Daí, o pacote anticorrupção.

Pacote
O comando da campanha de Alckmin decidiu ontem anunciar o lançamento de um "pacote anticorrupção" para tentar minimizar os efeitos negativos da queda do tucano nas pesquisas às vésperas do início da propaganda eleitoral na TV. Segundo o Datafolha, as intenções de voto em Alckmin caíram de 28% para 24%, contra um crescimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de 44% para 47%. Abatida pelo recuo dos números, a coordenação da campanha fez uma reunião ontem com o candidato e avaliou que a melhor saída para tentar neutralizar a queda seria um novo tema. Por sugestão do PFL, o tema escolhido foi o combate à corrupção. "Vamos fazer um pacote anticorrupção. Não só consertar o que aconteceu, mas evitar que aconteça", disse Alckmin. "Não há casos isolados, ela perpassa vários ministérios. Temos de mudar a legislação e evitar desperdício", completou. Ele não quis detalhar o que irá propor. A previsão é formatá-lo até sexta. Após a reunião em Brasília, Alckmin seguiu para São Paulo para gravar seu primeiro programa de TV, que vai ao ar na terça-feira. Sobre a pesquisa, ele limitou-se a dizer que "a campanha ainda não começou". Integrantes do conselho político não esconderam o temor de que o desempenho negativo amplie a falta de apoio regional ao tucano.
Colaborou SILVIO NAVARRO , da Sucursal de Brasília


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