São Paulo, Terça-feira, 10 de Agosto de 1999
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GOVERNO
Ministro e porta-voz afirmam que ACM, que previu dificuldades, vai continuar a ajudar o Planalto
FHC não crê em impasse no Congresso

da Sucursal de Brasília


O ministro Aloysio Nunes Ferreira (Secretaria Geral da Presidência) disse ontem que não considera que o presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), vá criar obstáculos em votações consideradas importantes pelo governo no Congresso.
"O senador Antonio Carlos sempre esteve do lado do governo nos momentos difíceis", disse, referindo-se à entrevista de ACM publicada ontem pela Folha. Nela, ACM afirma que será mais difícil para o governo aprovar no Congresso medidas consideradas amargas, como ocorreu durante crises econômicas recentes.
"O que o senador Antonio Carlos disse é que os partidos têm autonomia para decidir o que fazer. Aliás, nunca houve alinhamento automático dos partidos com o governo. Tudo foi amplamente negociado", afirmou o ministro.
O porta-voz da Presidência, Georges Lamazière, afirmou que o presidente Fernando Henrique Cardoso considera que ACM não disse que o Congresso não está mais predisposto a ajudar o governo na aprovação de pacotes.
ACM, segundo o porta-voz, telefonou ontem para FHC. "(Eles) tiveram excelente conversa. O presidente do Senado indicou que não sabe mais como fazer para evitar que esse tipo de contraposição ocorra", disse Lamazière.
Na entrevista, ACM afirmou que "a economia está rígida e requer algumas medidas amargas. Mas o que nós achamos é que algumas dessas medidas amargas poderiam ser menos amargas".
Questionado se seria mais difícil hoje o Congresso aprovar medidas amargas para corrigir a economia, em caso de nova crise, ACM respondeu que sim.
"Não apenas porque estamos próximos de uma eleição municipal. (...) É, também, porque temos consciência de que muita coisa deu certo e que outras, inclusive na política social, não deram."
Lamazière afirmou que é "claro" que FHC considera ACM um aliado. Segundo o porta-voz, não há problemas na base política do governo no Congresso.
Em São Paulo, o governador Mário Covas disse que ACM não tem autoridade para falar em nome de todos os parlamentares.
"É perigoso alguém pensar que fala em nome do Congresso. O presidente (ACM) fala institucionalmente em nome do Congresso, não em relação às decisões de voto", disse Covas (PSDB). "Mas, enfim, cada um age com a força que julga ter", afirmou.
O governador também defendeu o ex-ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros, vice-presidente para assuntos econômicos do PSDB, que na sexta-feira disse que a equipe econômica está cheia de "burocratas" e que FHC deveria assumir o "fracasso parcial" do Real.
"Se aquilo que se chama de base aliada se acha no direito de dizer o que hoje (ontem) eu vi no jornal (a entrevista), por que seus companheiros não devem dizer a ele o que acham?", questionou Covas.
"Em geral estou de acordo com ele (Mendonça de Barros). Estou mais próximo do pensamento econômico que ele defende."


Colaborou a Reportagem Local

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